Uma vénia envergonhada para a Grécia
Impõe-se uma vénia para a Grécia.
Ainda longe de saber como vai resultar a estratégia do novo governo grego, uma coisa é certa: agora a Grécia caminha de cabeça erguida. A Grécia comporta-se como um entre iguais na Europa. Tem a sua voz e eleva-a tão alto quanto a dos mais poderosos. E o resultado parece materializar-se claro no horizonte mais próximo: se a Grécia cedesse de imediato aos desígnios da troika teria para si condições excecionais muitíssimo mais vantajosas do que as inicialmente propostas na cartilha, apenas pelo facto de se ter feito ouvir, de não ter aceitado os ditames externos de orelhas baixas.
Pelo contrário, Portugal, “o bom aluno”, teve e tem as condições mais adversas de todos os que foram igualmente resgatados. Facto.
Por isso, e por muito mais, concretamente por 877 anos de orgulhosa história, o povo português deve, àqueles que não se submetem à abjeção da dívida, uma vénia carregada de uma grande dose de vergonha por não ter sido capaz ou não ter tido a coragem de agir de modo análogo.