Uma questão de patronos e de patrocínios
Palavra que não percebo a admiração dos que me rodeiam a propósito da contratação da deputada pelo PSD e antiga Ministra das Finanças de Portugal, Maria Luís Albuquerque, pela Arrow Global.
Estariam à espera de coisa diversa?
Por ventura ainda acreditavam que o que a ex-ministra fez enquanto governante foi pelo “bem” do país?
A quem serviram as suas opções governativas? Ao povo?!
Não sei se o espanto resulta do conteúdo ou da forma, se é pela substância ou pela ética, e sendo esta uma discussão pertinente, não deixa de ser desapontante a leviandade costumeira com que a sociedade encara o tema. Já conhecemos bem a rotina: à histeria acéfala seguir-se-á um esquecimento amnésico quase que instantâneo. De um dia para o outro não se falará mais do tema até que o próximo episódio — e existirá um próximo episódio — o desenterre novamente.
Mais do que uma questão legislativa, trata-se de uma questão de opção democrática apenas solucionável a partir do momento em que atentemos nos patronos e nos patrocínios dos partidos políticos e suas figuras de destaque. Sem um tal essencial enfoque, casos como este repetir-se-ão eternamente. Para sabermos ao que vêm, devemos olhar para quem os suporta. Para sabermos o que esperar deles, devemos perceber quem os carrega verdadeiramente aos ombros. Isto, claro está, se não quisermos desempenhar o habitual papel de idiotas úteis balbuciando “os políticos são todos iguais”.