Uma nota sobre a discussão parlamentar do orçamento retificativo
Ouvir as intervenções parlamentares dos membros da PaF a propósito da solução adotada no caso Banif foi um dos momentos mais surreais a que já assisti. Mais: ver o CDS e o indivíduo a quem chamam de Paulo Portas levantar-se do seu assento parlamentar para votar contra o orçamento retificativo foi nojento. Sublinho a adjetivação empregada: nojento.
Concorde-se ou não, e eu não concordo, com a solução adotada para o Banif, a verdade é que esta é a mesma solução de sempre, privatizar a parte boa do banco e nacionalizar os prejuízos, os buracos financeiros, do mesmo. Esta solução é, aliás, obtida por decalque daquela utilizada pelo anterior governo no caso BES. Para além disso, resulta absolutamente evidente que este caso foi prorrogado no tempo, com a conivência das instituições de supervisão, de modo a passar por entre os pingos da chuva do tempo conturbado de eleições e de formação do novo governo, de tal forma a vir rebentar nas suas mãos uma vez que este estivesse formado.
O adjetivo nojento justifica-se deste modo, pela falta de vergonha na cara, pela falta de caráter, pela falta de espinha dorsal, pela falta de ética, pela falta de responsabilidade. É pena que tais ações não sejam justamente escrutinadas na comunicação social e é pena que tais perpetrantes não sejam expostos na praça pública como aquilo que realmente são. Pelo contrário, há uma fatia generosa da sociedade que lhes bate palmas.