Um guião para privatizar uma empresa
1. Desvalorizar a empresa.
a) Proceder a investimentos ruinosos.
b) Falhar compromissos com clientes existentes.
c) Rejeitar novos clientes e novas oportunidades de negócio.
d) Implementar uma política contracionista que rejeite qualquer forma de modernização da empresa.
2. Gerar propaganda pública e massificada sobre a inviabilidade da empresa através dos canais habituais que sempre se prestam a tal papel.
3. Despedir ou acordar rescisão com uma boa parte dos trabalhadores da empresa.
4. Construir um caderno de encargos para a privatização que inclua tudo e mais alguma coisa para acalmar vozes preocupadas.
5. Face aos pontos anteriores, vender a empresa a preço de saldo e, se possível, pagar ao privado que a compre.
6. Pegar no caderno de encargos e depositá-lo no caixote de lixo mais próximo.
Este tem sido o guião implementado pelos sucessivos governos, PS, PSD, PSD-CDS, para privatizar as mais diversas empresas públicas. É curioso que a maioria dessas empresas, antes da implementação do guião, eram lucrativas (ou dispunham de todas as condições para tal) e após a sua privatização rapidamente voltaram a sê-lo. Após a privatização dos Estaleiros Navais de Viana, por exemplo, choveram copiosas novas encomendas de diversos clientes quando, antes, incrivelmente, não existiam. Com a TAP, com a PT, qualquer coisa do mesmo género se passará.
O mais grave, contudo, é o facto deste mesmo guião estar neste preciso momento em pleno cumprimento nas empresas públicas ou com participação pública que sobram. Os próximos tempos serão reveladores, sobretudo se voltarem os mesmos a vencerem as eleições. Estejamos atentos. O meu palpite: o preço da gasolina vai disparar ainda mais, tal como já aconteceu com o da eletricidade, o do gás e o da água.