Um dia mais que passa
Hoje viveu-se mais um episódio da novela de terceira categoria que roda em torno das sanções da União Europeia aos estados soberanos da Península Ibérica. O fim da novela parece estar longe, cada vez mais longe, à medida que esta se desenrola. O propósito da novela é eternizar-se para se eternizar, assim, deste modo, a ingerência declarada do eixo franco-alemão sobre a política e a gestão de todos e de cada um dos estados membros da União Europeia.
Desmonta-se, portanto, a charada. Cai a máscara a esta União de estados canalhas que, de um lado e de outro, se escudam por detrás de tratados, escondem dos seus povos a verdadeira batalha que está a ser travada, não em campo aberto, não segundo o ponto de vista dos vértices das lâminas desembainhadas ou do cheiro a pólvora explodida, mas dentro de gabinetes de imprensa sob declarações encharcadas em hipocrisia.
Nada disto é novo. Este processo de submissão dos povos pela dívida é uma réplica, talvez mais sofisticada, do que se passou na América latina no século XIX na sequência dos respetivos processos independentistas. Então, como agora, os países tomados na sua autodeterminação e na sua soberania pelos credores só puderam quebrar as suas grilhetas confrontando diretamente, frente a frente, olhos nos olhos, os seus credores, munidos de inabalável convicção. Aconselho a leitura deste artigo de Eric Toussaint para se saber o que não vem, nem nos livros de História, nem nos meios de comunicação do capitalismo ocidental.
Cada dia que passa em que Portugal permanece na União Europeia e no Euro é um dia mais que se perde para o país tomar nas suas mãos o seu próprio futuro, é um dia mais que passa de submissão aos poderes que nos espezinham.