Traçando perfis
O Presidente da República traçou o perfil do seu sucessor. Disse que tinha que cantar afinadinho e em uníssono com o governo e com os poderes internos e externos que nos (des)governam. Disse que tinha que ser um especialista em política externa.
Com uma boa dose de humildade gostaria de acrescentar mais um ou dois pontos que julgo carregados de relevância para a função.
1º- Que tenha a obrigação de ler a Constituição, nem que seja uma meia dúzia de leis todos os dias à noite, para, no fundo, saber sobre o que tem a obrigação legal de defender.
Observação 1: Sobretudo para não fazer a triste figura de promulgar leis que o Tribunal Constitucional vem posteriormente a considerar inconstitucionais.
Observação 2: E também, seria interessante, para não permitir que o governo ande a brincar com o assunto, isto é, aos orçamentos inconstitucionais.
2º- Que saiba um pouco de História de Portugal, nem é preciso muito, para prevenir males de costas curvadas sobretudo no contacto direto com os seus interlocutores internacionais.
3º- Que saiba um pouco de língua portuguesa, falada e escrita, mas sobretudo falada, para evitar certas gafes que tanto ofendem um dos dois símbolos da pátria que, por hora, nos restam.
4º- Que produza discursos, tanto em forma como em conteúdo, que não nos façam lembrar os tempos negros (e aborrecidos) do fascismo.
5º- Que saiba quantos cantos tem Os Lusíadas (já agora: são dez!) e que seja obrigado a ter lido a epopeia, maior símbolo literário do país, para ver se leva consigo, para Belém, um ou dois ensinamentos relevantes e que, deste modo, adquira consciência plena da responsabilidade que tem por ser o máximo representante do grande país que se chama Portugal.