Tipos de escrita
O universo da escrita pode ser dividido em três tipos essenciais.
Em primeiro lugar temos os escritores que escrevem sobre o que experimentam, o que sentem e o que vivem e relatam-no tão fielmente como quanto acreditam possível. Para estes o importante é isso mesmo: traçar um retrato da sociedade e da natureza tão fiel quanto a sua capacidade artística permite.
Em segundo lugar existem aqueles que se centram sobre o seu universo imaginário e escrevem, assim, não sobre a realidade em si, mas sobre uma realidade possível, sobre uma existência especulativa. A estes segundos se devem as ilusões e os impossíveis, as utopias, os ideais e os sonhos.
Em último lugar e, por mera intenção de exaustividade, temos os escritores que escrevem sobre o que ouvem dizer, sobre o que leem nos jornais, ouvem na rádio ou na televisão, não se podendo intersetar necessariamente nem com o primeiro grupo nem com o segundo, pois na verdade, nada do que dizem será inteiramente seu.
O terceiro grupo constitui-se objetivamente como um “verbo de encher”, um eco de outras vozes, destinado a perder-se como murmúrio inaudível, por vezes, não tão rapidamente quanto o desejável.
É minha convicção que é de uma conjugação harmoniosa do primeiro grupo com o segundo que surge a grande obra na presença da qual o público encontra genuína e autêntica identificação e, ainda, ter nela uma lanterna, um farol, para iluminar o futuro e aquecê-lo numa manta de retalhos que são sonhos de muitas e diferentes cores. Sonhos tão essenciais para quebrar paradigmas, construir novos e, enfim, fazer com que o Homem se erga e caminhe em frente.