Tempos politicamente interessantes
Vivem-se tempos politicamente interessantes. O PCP e o Bloco de Esquerda fizeram um xeque-mate ao PS. O xeque-mate político foi consubstanciado naquela frase de Jerónimo Sousa que poderá quedar-se célebre quando vistas as coisas desde um tempo mais avançado na história: “O PS só não forma governo se não quiser”.
Com isto o PS vê-se mediaticamente encurralado sendo que a sua estratégia pós-eleitoral mais natural cai por terra. O PS pretendia, tudo o indicava, dar aval ao governo da coligação mantendo-a sempre debaixo do seu pé para, no momento oportuno, poder esborrachá-la como se faz a um inseto e, então aí, assumir o poder. Agora, vê-se obrigado a fazer alguma coisa para ser governo.
Mas o que é mais relevante e interessante é que, com isto, o PS poderá ter que virar um pouco à esquerda. Com isto, se assim acontecer e não é líquido que assim seja, PCP e Bloco poderão influenciar realmente algumas políticas essenciais para libertar o povo do jugo do capital, ainda que não formando diretamente governo. Isto é que é realmente entusiasmante. Refiro-me a uma inversão de políticas que incluem uma “desliberalização” do código de trabalho e a uma proteção dos sistemas de saúde, de educação e de segurança-social.
Se PCP e Bloco conseguirem estes pequenos feitos será a maior vitória política da esquerda e do povo desde os tempos do vinte e cinco de abril.