Tanta carta branca para fazer tanta tropelia
O artigo de Santana Castilho sobre a greve dos professores ocorrida na semana passada é, sob muitos aspetos, excelente e merece ser lido. Destaco o parágrafo seguinte, que considero delicioso.
A ética mínima ficou na lama com esta greve. Atropelando o direito à greve dos professores, Passos e Crato enxertaram na lei os serviços mínimos em tempo de exames. O PS e as forças políticas que agora sustentam o Governo revoltaram-se na altura. Mas, sem incómodo de maior, viram agora ser usada essa lei para fazer o que antes censuraram. Julgamentos e cirurgias sofrem adiamentos quando há greves na Justiça ou na Saúde. Mas um exame do 11º ano mais a brincadeira de uma prova de aferição são necessidades sociais impreteríveis. Em Janeiro de 2016, Tiago Brandão Rodrigues disse ao Diário de Notícias que o modelo de exames era “errado e nocivo”. Que alguém tenha a caridade de lhe explicar que não pode dar lições sobre a maldade dos exames e depois decretar serviços mínimos para os garantir.
Não há nada a dizer. Não há como contestar. Aconteceu tal e qual foi descrito. Esta dualidade de critérios por parte de PCP, BE e CGTP fica muito mal na fotografia. Nunca um governo teve tanta carta branca para fazer tanta tropelia sem praticamente qualquer oposição, sobretudo na rua. Dá que pensar...