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Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

O novo nível zero do pensar

Ouvir Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, num ensaio de imputação da tromba de água de ontem, que matou uma mulher, às alterações climáticas faz-me sentir que vivo num mundo distópico retirado de uma qualquer TV a preto e branco dos anos 80. Parece que atingimos um novo nível zero na discussão política. Será que a população, por andar com os olhos em bico nos aparelhinhos luminosos já se esqueceu dos encharcados que levou no passado e crê que o de ontem foi inédito? E se acaso tivesse sido inédito, considera o povo que não há nada a fazer em termos de prevenção do problema e das suas consequências? Não é apenas um nível zero da discussão política, é um nível zero do pensar. Uma sociedade que respira um pensar tão pestilento não pode ter um futuro auspicioso.

publicado às 10:00

Dúvidas metódicas

Como é que se testam os efeitos em seres humanos de uma vacina preparada em menos de um ano? Como se preveem as consequências para a saúde a médio e longo prazo?

 

Fala-se em genericamente em “avanços da ciência”. Que avanços são esses? Ratinhos? Moscas da fruta? Simulação computacional?

 

Como é que se pode crer nas autoridades dedicadas aos diversos planos de vacinação quando os seus representantes, genericamente, nenhuma qualificação médica ou científica têm? São gestores, economistas, políticos profissionais, etc...

publicado às 09:26

Ventania, nestes dias

Há dias em que tudo parece correr mal, tudo parece cinzento e desprovido de esperança, para, no fim da jornada, recebermos um sinal que nos enche de motivação e que nos diz que, afinal, não devemos perder o nosso rumo, nem a nossa persistência.

 

Obrigado à Ventania pelas generosas palavras que salvaram o meu dia. Aproveito também para retribuir e aconselhar o seu blog e as leituras interessantes que lá podemos encontrar.

publicado às 21:07

É de ironia que este género de muros é feito

Esta construção anunciada e já iniciada do muro entre os Estados Unidos da América e o México é muito irónica. Acho mesmo que, mais que argamassa e tijolos, mais que rede e arame farpado, é de ironia que este género de muros é feito.

 

No vídeo que se segue, o filósofo brasileiro Mário Sérgio Cortella expõe superiormente o ridículo da questão.

 

Que falta nos faz a Filosofia! Que falta nos faz saber pensar!

 

 

Sublinhe-se também que a taxa anunciada sobre os produtos mexicanos para financiar a construção do muro incidirá, não sobre o México, mas sobre o povo americano que, desse modo, pagará mais pelos mesmos. Para lá da propaganda, quem pagará a construção do muro será, de modo inexorável, o povo americano.

publicado às 19:40

Brexit, Portexit e Eurexit

Aos vinte e três do presente mês o Reino Unido submeterá a referendo a sua permanência na União Europeia sendo que o sim à saída do país da União segue na frente das sondagens até ao momento realizadas. O referendo é o corolário de uma promessa do Primeiro-ministro britânico David Cameron ao seu povo mas é mais do que isso: a ameaça de saída do Reino Unido da União Europeia — o chamado Brexit — é uma forma de pressão sobre o diretório de potências continentais europeias da moeda única para reclamar mais autonomia e alargados poderes ao Reino Unido no contexto da União.

 

https://grrrgraphics.files.wordpress.com/2016/06/brexit_ben_garrison.jpg?w=640&h=458

 

A questão do Brexit devia ser tratada na nossa sociedade com afincado detalhe, com obcecada minúcia, dada a sua acentuada pertinência. A questão — Por que razão o Reino Unido equaciona sair da União Europeia quando nem sequer faz parte da moeda única e quando é dos poucos países da União em franca prosperidade? — devia ser, pelo menos, levantada, colocada no ar, para que sobre ela fosse possível refletir seriamente.

 

Tão pouco a questão não é levantada, como nada se discute sobre o assunto. Nenhuma questão se coloca sobre a nossa própria posição enquanto país, sobre a nossa situação de estagnação ou contração económica ou sobre a nossa perda transversal e desmedida de autonomia ao longo do tempo de permanência na União Europeia. Mesmo ao nosso lado, acima, melhor dizendo, vemos os nossos vizinhos a discutir um assunto que nos atinge também e a nossa reação é fingir que nada se passa.

 

Chega a ser arrepiante constatar o sentimento de pensamento único que envolve Portugal no que à União Europeia diz respeito. Em boa verdade, tal não é assim tão admirável se pensarmos que, de todos os partidos com assento parlamentar, apenas um defende abertamente a saída do Euro e coloca reservas à continuidade na União Europeia — o PCP. Todos os outros partidos preferem fazer uma apologia perfeitamente idealista e utópica de uma certa ideia do que a União Europeia devia de ser, mas não é, nem nunca foi. Já uma vez escrevi sobre o assunto. Eles chamam a essa União Europeia a União Europeia “dos fundadores” mas estou convencido que não fazem ideia do que falam, nem a quem se referem.

 

Também neste assunto particular, torna-se muito claro como a chamada “opinião pública” é tão pouco permeável a vozes dissonantes que sejam capazes de introduzir uma visão diferente das coisas. Os meios de comunicação são, na prática, instrumentos totalmente vedados a qualquer voz que não siga a matriz de opiniões canónicas previamente escolhidas para serem difundidas.

 

O Brexit, contudo, vem aí. Seria melhor que fossemos capazes de o perceber bem, já que poderíamos lucrar muito com ele ou com algum dos seus primos diretos: o Portexit ou, pelo menos e mais importante, o Eurexit.

publicado às 23:00

Porto de abrigo

O meu blog é o meu porto de abrigo. Os textos que nele escrevo são o mais franco reflexo daquilo que penso, da forma como observo o mundo que me rodeia, das ideias que me inundam a mente, dos ideais que me governam a vida e, no fim de contas, da crença que tenho na humanidade e dos caminhos a percorrer. A ele retorno sempre, à sua segurança, ao seu colo que é o meu permanente espaço de liberdade.

 

http://www.leca-palmeira.com/wordpress/wp-content/uploads/photo-gallery/Porto-Leixoes/submarino_leixoes.jpg

 

Tenho consciência plena, já a tenho desde há muitos anos, que as minhas ideias não convergem com as ideias da maioria das pessoas, que o meu entendimento sobre os acontecimentos é dissonante com a harmonia geral. Não foi para recolher a aceitação da comunidade que comecei a escrever este blog. Terá sido, antes, para constituir uma pedrada no charco de opinião e um escape saudável para esta minha necessidade de escrever. É por isso que não me surpreende que o meu blog tenha poucos seguidores ou que os posts que escrevo não apelem a muitas pessoas. O meu objetivo era poder atingir nem que fosse uma pessoa apenas, uma pessoa perdida neste mundo de pensamento único da notícia e da propaganda, e fazer com que essa pessoa pudesse soltar, nem que por um singelo momento, um suspiro de alívio por existir alguém que, como ele, pensa qualquer coisa diferente, que não aceita os condicionalismos e os preconceitos que nos impõem ao pensar, que não aceita as regras deste jogo viciado.

 

Em vista do que escrevi, é uma sensação muito boa chegar a casa e receber o reconhecimento por parte de um blogger que, no seu espaço, dedicou tão bondosas palavras ao meu porto de abrigo. Obrigado, Francisco Freima. Agradeço e retribuo: o Zibaldone, para mim, é incontornável no SapoBlogs, quer pela sua qualidade estética, quer pela riqueza do seu conteúdo.

publicado às 23:46

Cabeça de avestruz

Existe um subconjunto alargado da população que classificaria como intelectualmente subdesenvolvida, isto é, cujos elementos não conseguiram, ao longo do seu desenvolvimento até à idade adulta, se libertar verdadeiramente de uma certa intelectualidade simbólica, mais própria das idades da pré-adolescência. Para um elemento deste subconjunto populacional cada constructo intelectual é associado a um símbolo, que pode ser uma figura modelar, como um familiar ou uma figura pública, uma atriz, um cantor, um futebolista, uma apresentadora, mas também poderá assumir uma figura não humana como um animal real ou mitológico, um desenho, um herói ou uma construção idealista. Estes símbolos servem de referência para as tomadas de posição, para as outras construções intelectuais importantes que o indivíduo necessita adquirir na sua vida corrente e social.

 

O problema surge quando o ser pensante não se consegue libertar de tais símbolos e se esconde na sua sombra, por ser mais fácil, por ser mais cómodo. Quando ouve algo de novo, rapidamente trata de encaixar nalguma das suas caixas intelectuais e prescinde de ouvir o resto do argumento. Não precisa. Já está empacotado e inserido no seu caixote mental, aquele que apresenta o símbolo apropriado à conversa que se está a ter.

 

Esta forma de pensar, ou de não pensar, é característica das idades mais jovens onde ainda não ocorreu uma certa consciencialização de si próprio, onde ainda se procuram referências e limites dentro do seu próprio pensar, não para limitar o pensar mas, pelo contrário, para o libertar através de uma solidez a priori a que normalmente chamamos de caráter.

 

Um bom exemplo desta infantilidade do pensar reside na religião. O crente deposita, muitas vezes, toda o seu entendimento religioso em meia dúzia de símbolos e de historietas, de figuras míticas e de feitos mágicos, não se conseguindo verdadeiramente libertar de tudo isso, porque tudo isso é simbólico, tudo isso é ponto de partida e nada disso deveria ser interpretado literalmente.

 

A avestruz é um singular animal que, ao contrário do que normalmente se faz constar, reage violentamente à presença humana disparando fortes pontapés, como coices de cavalo. Contudo, os homens que se dedicaram à sua domesticação descobriram um facto curioso: colocando um saco na cabeça de uma avestruz tornam-na no mais dócil animal, tão dócil que, hoje em dia, colocam crianças a andar sobre avestruzes e promovem-nas como se de mansos póneis se tratassem. Isto acontece porque, dentro do saco, não vendo o perigo, não o reconhecem e acalmam-se. O mesmo princípio ocorre quando a avestruz decide enterrar a cabeça na areia.

 

Por vezes, penso que as pessoas de que falava são como avestruzes. Coloca-se-lhes um saco na cabeça, como um político barbeado, engomado e bem falante, que diga o que pretendem ouvir, e elas acalmam-se. Não conseguem pensar para além disso. Não sentem o perigo. Amansam-se.

 

 

publicado às 12:12

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