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Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

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Podem Os Verdes ensinar alguma coisa ao PCP?

O PCP parece empenhado em desconsolar com as suas intervenções todos os progressistas que possuem um sistema nervoso central um bocadinho maior que um feijão germinado. Hoje, na sessão parlamentar de comemoração do vinte e cinco de abril, Jorge Machado foi o escolhido pelo PCP para discursar. Naquela oportunidade importante — que muitos canais televisivos transmitiram em direto — para se passar uma mensagem política foi absolutamente penoso acompanhar as palavras de Jorge Machado.

 

Apesar de ser já um parlamentar experiente, Jorge Machado revela-se perfeitamente inapto na arte da oralidade, perfeitamente incapaz no discurso, tanto pela forma como pelo conteúdo do mesmo. Incapaz de uma qualquer alteração na entoação discursiva, o monocórdico e aborrecido Machado fez o que pôde, e o que pôde foi, como seria de esperar, confrangedor, dispersando-se no acessório, no abstrato e perdendo o essencial e o concreto.

 

É preciso dizer, é preciso berrar, talvez, aos ouvidos da malta parlamentar do PCP que um discurso não deve ser uma introdução de uma tese de doutoramento. Um discurso deve ser focado em dois ou três pontos, no máximo, que se pretendem transmitir, deve ser objetivo, claro e apelativo, devendo ir de encontro ao público ao qual se destina a mensagem. Quem escreve os discursos no PCP, todavia, parece não perceber nada sobre o assunto.

 

Seria interessante que o PCP desviasse a atenção para o seu lado, para a sua própria criação política, Os Verdes, e para o brilhante discurso de Heloísa Apolónia. Foi objetivo, foi claro, foi focado e interessante em conteúdo, tendo tocado em tudo o que era necessário tocar no que diz respeito à ocasião e também à ordem do dia. Foi um discurso bem entoado.

 

Se calhar estou a ser injusto e o discurso de Jorge Machado nem foi tão mau assim. Eu é que não fui capaz de ouvir com atenção. E isso é um problema que o PCP não percebe, mas que talvez Os Verdes lhe possam explicar.

publicado às 11:58

Política sem prática não é política, é oratória

Hoje vi o novo cartaz do Bloco de Esquerda. Diz qualquer coisa como: “vamos tirar a troika do código de trabalho”. Não sei bem se é bem isto, mas é esta a ideia. Pode-se dizer que fiquei, por um momento, embasbacado.

 

Em primeiro lugar, ao dizer uma coisa deste género dá-se a entender que a troika é a raiz dos problemas do código de trabalho em Portugal. Ainda não sonhávamos com a vinda da troika a Portugal e já o código de trabalho estava a ser desmantelado, peça por peça, pelos sucessivos governos PSD e PS. Um protagonista de muitas malfeitorias ao código de trabalho, aliás, é precisamente o atual ministro do trabalho, Vieira da Silva, assim como a sua sucessora dos tempos socráticos, uma tal de Helena André, uma sumidade no que ao trabalho diz respeito. Por isso, dizer “vamos tirar a troika do código de trabalho” é colocar na troika culpas que a troika simplesmente não tem. Que a troika contribuiu para um processo já em curso e o catalisou, é verdade, mas as culpas da troika ficam-se por aqui. Isto de se demonizar pessoas ou entidades é coisa própria de quem convence ovelhas, mentecaptos ou ovelhas mentecaptas. Devia o Bloco olhar para dentro do governo que apoia para encontrar alguns dos verdadeiros carrascos do código de trabalho.

 

Em segundo lugar, gostava que alguém do Bloco de Esquerda me fosse capaz de apontar na prática governativa deste governo, que parlamentarmente apoia, uma medida que tenha contribuído ou que venha a contribuir num hipotético futuro para que a troika deixe o nosso código de trabalho em paz e sossego. A sério: só quero uma medida. Uma reversão. Uma penalização para quem contrata a recibos-verdes. Uma deliberação para forçar a contratação sem termo. Só uma. É que já vai mais de um ano de governação e... nada!

 

É preciso dizer a Catarina Martins, a todos os bloquistas e, mais geralmente, a todos os políticos de esquerda, que política sem prática não é política, é oratória, é verbalismo de limpar o traseiro. Se no momento que se vive hoje ainda não foram capazes de forçar uma medida neste sentido a este executivo, tão pouco não sei quando o serão, nem sei mais — pensava que sabia — se realmente terão mesmo essa intenção.

publicado às 20:36

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