A questão do mérito
Que país é este?
Um professor é forçado a cobrar pelos seus serviços catorze euros à hora, muitas vezes ainda menos, catorze euros brutos dos quais pagará o resto dos seus impostos. Que país é este? Que futuro se vislumbra? O que podemos esperar de um país assim?
Nestas alturas é interessante relembrar as lengalengas anticomunistas, aquelas conversas do costume que dizem que “nesses regimes todos são tratados por igual independentemente do mérito”.
Dão-me vontade de rir sobretudo pela ignorância, pelo desconhecimento completo, mas também pelo que vamos vendo diariamente. Apetece dizer: viagem! Visitem esses sítios de que falam de cor, vistam a pele de verdadeiros antropólogos e vejam os indícios que ainda restam com olhos de ver! Vejam como a cultura, o conhecimento, o estudo, eram valorizados. Vejam quão altas eram as universidades! Vejam a quem eram erigidas as estátuas!
Depois, quando voltarem, olhem para os que vos rodeiam e vejam: os nossos professores, que tanto estudaram e se prepararam (entre outros), estão a ser pagos como jardineiros ou empregadas domésticas comuns. E então digam, de vossa consciência, quem é que trata os homens de forma indiferenciada, independentemente do seu mérito, como se de nenhum mérito fossem merecedores. Vejam e decorem o seu nome: capitalismo.