O primeiro dia do Messias brasileiro
O ano de 2019 começa, no seu primeiro dia, com a tomada de posse do novo presidente do Brasil, um indivíduo chamado de Jair Messias Bolsonaro. O discurso de tomada de posse do Messias foi a mais horrenda oratória que já ouvi em toda a minha vida. O maior país da América Latina elegeu, de facto, um ignorante, um boçal que não sabe falar, nem tem uma ideia madura no cérebro. O que tem é apenas uma mistura de infantilidade e de egoísmo sobre uma base de baixeza de caráter e de ignorância do espírito. E por isso repete, repete, titubeia, titubeia, os mesmos chavões, os mesmos preconceitos e, claro, invoca o nome de Deus em vão uma, duas, três dezenas de vezes no mesmo parágrafo. O que diz não é nada, mas é tudo.
Acho importante sublinhar que este indivíduo não chegou ao poder sozinho. O processo foi dúbio, pejado de ilegalidades e de artimanhas tecidas em conjunto pelo poder judicial e pelo poder político e cantado pelos media, tudo isto é certo e claro. Mas no fim de contas, foi o povo brasileiro, a maior massa popular de entre todas da América latina, que elegeu e legitimou este novo presidente do Brasil. A democracia tem isto. O povo é chamado a votar, vota, escolhe e elege. É limpinho. Uma parte desse povo lá estava, hoje, a bater palmas, sem um pingo de embaraço com aquela boçalidade que jorrava sem controlo da boca de Bolsonaro. Palavra que não sei como é possível não sentir vergonha por se ter elegido um presidente deste calibre. Eu sinto, muita, e não é nada comigo.
Isto ainda é o princípio. Foi apenas o primeiro dia do Messias brasileiro. Messias... que nome tão tristemente providencial. O que vem aí será horrível, sobretudo para os brasileiros. Não acreditam? Basta esperar para ver. Lembrem-se do dia de hoje.