O segundo erro ou a fábula do sapo e do escorpião
Há dois pares de artigos atrás dava conta do primeiro erro de Costa enquanto Primeiro-ministro. O erro apontado era de natureza puramente estratégica a médio ou longo prazo no contexto da legislatura. Se alguma coisa deixava claro era da inabilidade do nosso “Primeiro” para o xadrez.
Pois não muito tempo volvido e António Costa começa a revelar uma prática governativa que não promete um mandato seguro que possa ser levado até ao fim. É que, como se não bastassem todas as condicionantes externas que se preparam com preceito para retirar o tapete a este governo no momento oportuno, também António Costa tinha que começar a governar ora com uns, ora com outros, ziguezagueando a gosto. Em particular, o caso Banif pode tornar-se marcante para o futuro, pela solução adotada, pela natureza da mesma e pela ausência de diálogo disfarçada de uma urgência conveniente... a urgência do costume.
Assim, este governo cai no engodo da direita que, por ora e enquanto convém, faz-lhe as vontades, ao mesmo tempo que desagrada a esquerda, mais sólida e mais confiável, por ser seu suporte parlamentar efetivo e por aparentemente não possuir nenhuma exacerbada fome de poder.
Este segundo erro é mais grave do que o primeiro porque tem o condão de minar as relações que, no final de contas, poderão valer a este governo a sua sobrevivência política. Faz-me lembrar da fábula do sapo e do escorpião: é esta a natureza do PS, não é outra, é esta! Trata-se, portanto e se dúvidas subsistissem ainda, de um governo do PS, não de um governo de esquerda.