Um estudo sobre o sound bite
“Give me a dozen healthy infants, well-formed, and my own specified world to bring them up in and I'll guarantee to take any one at random and train him to become any type of specialist I might select – doctor, lawyer, artist, merchant-chief and, yes, even beggar-man and thief, regardless of his talents, penchants, tendencies, abilities, vocations, and race of his ancestors. I am going beyond my facts and I admit it, but so have the advocates of the contrary and they have been doing it for many thousands of years.”
— John Broadus Watson, in Behaviorism
Quando em 1913 John Watson publicou o manifesto comportamentalista, ou behaviorista, com o título “Psychology as the Behaviorist Views It”, estabeleceu as bases para muito mais do que um ramo teórico de uma ciência. E as consequências eram mais do que esperadas e conscientes, acredito.
Com efeito, rapidamente as aplicações revolucionárias e ambiciosas que o Comportamentalismo prometia foram tomadas pelo estado natal de Watson com tremendo interesse, de tal forma que rapidamente o ramo substituiu a ciência-mãe em termos de projeção. O que era a Psicologia se não o Comportamentalismo?
As aplicações do Comportamentalismo inserem-se num grande saco chamado de propaganda. Propaganda através do condicionamento: frases subliminares, criação orientada de ficção, criação de falsos modelos sociais, cinema, banda desenhada, heróis, séries policiais, anúncios, ... Tudo isto podemos observar todos os dias: basta ligar a televisão, ler o jornal, ver os cartazes na autoestrada ou ouvir um anúncio entre músicas da rádio. E a mensagem passa, ainda que rejeitada inicialmente. Permanece nalguma camada do subconsciente a marinar e a condicionar de alguma forma as nossas opções e as nossas opiniões quando realmente precisarmos de as tomar nas nossas mãos. Nesse momento, as opções que tomarmos já não serão apenas nossas, mas antes um produto de todo este processo.
O sound bite é isto mesmo. É algo que inunda os meios de comunicação e abafa tudo o resto. Obriga-nos a concentrar no que os autores pretendem e não necessariamente no que realmente é o mais importante. Como um som, uma mensagem, que fica ali, a martelar continuamente na mente. Faz com que um telemóvel novo seja mais relevante do que um livro, ou com que um jogo de futebol seja mais importante do que um hospital sem médicos, enfermeiros, técnicos e macas.