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Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

Os momentos definidores da história dos homens

Os meus mais profundos sentimentos de solidariedade e de fraternidade estão novamente com o povo da Catalunha e com a justiça da sua milenar luta por autodeterminação e independência.

 

Estes são os momentos definidores da história dos homens. Estes são os momentos em que desaba a fachada do sistema, em que cai a máscara dos seus advogados e defensores, em que se esvaziam de significado as palavras que usam como bandeiras... liberdade... democracia... direitos do homem... É a força dos povos que, unidos em torno de um ideal que lhes é superior, derruba as zonas de conforto, os comodismos e sai à rua, dá o corpo à luta, de mãos dadas, com filhos ao colo, porque o que defendem é tão precioso que os pequenos também têm que o sentir, têm que assistir ao vivo, também têm que fazer parte disso.

 

Pois ali está um povo, do outro lado da fronteira, que está a ser punido e perseguido por querer ser independente, por fazer um referendo, por querer ser ouvido. Para este povo, tão perto de nós, em plena Europa, não existe direito à autodeterminação, não existe democracia, nem liberdade. E, para a maioria de nós, é indiferente que assim seja.

 

Estes são os momentos em que percebemos que não é possível transformar o sistema desde dentro do sistema. O sistema e as suas estruturas nunca permitirão nenhuma transformação, pois a sua razão de ser é precisamente conservar o poder nas mãos onde ele repousa. Acreditem nisto que vos escrevo. Não existem revoluções pacíficas.

 

Como português que conhece a sua história, sei o quanto nós, enquanto país independente, vos devemos, Catalunha. Deixo-vos aqui toda a minha força e solidariedade!

publicado às 16:51

O cúmulo da desonestidade política

Em julho deste ano, portanto há cerca de três meses, a oposição venezuelana convocou ilegalmente um referendo popular que visava colocar em causa a legitimidade política de um governo reiteradamente eleito de forma democrática. O referendo em causa, todavia não seguindo os pressupostos legais, não teve qualquer oposição por parte do estado venezuelano e pôde decorrer com a normalidade possível. Não obstante terem sido violados variados princípios éticos na organização do referendo — as televisões mostravam pessoas a votar nas ruas e sem confidencialidade garantida, por exemplo —, os seus resultados esmagadores contra o governo venezuelano tiveram um eco fenomenal em toda a Europa, particularmente em Portugal e em Espanha.

 

Em síntese, os resultados de um referendo ilegal, mal aplicado, violando princípios básicos de qualquer sistema democrático, foram recebidos com êxtase pelo mundo ocidental e serviram para exigir a demissão a um governo democraticamente eleito, bem como a convocação de eleições antecipadas. Antes de prosseguir, é bom deixar isto bem claro.

 

Volvidos menos de três meses, a Catalunha convocou um referendo sobre a sua independência. O referendo foi, como todos tivemos oportunidade de verificar, fortemente reprimido pelo estado espanhol. Ainda assim, o governo catalão encontrou formas hábeis de conseguir consultar o seu povo.

 

É evidente que, devido à inqualificável ação do governo espanhol, tais resultados não serão representativos, nem o referendo dispôs de todas as condições para ser aplicado com transparência e normalidade. Mas o que é estupendo é que as mesmas forças políticas, as portuguesas e as espanholas, que procuraram legitimar o referendo venezuelano e com base neste exigiram a demissão do governo daquele país chamando-o de “ditadura”, entre outros insultos, são agora lestas a descredibilizar o referendo catalão e a apelidá-lo de “ilegal”.

 

A duplicidade de critérios é absolutamente surreal. Estes políticos — é fácil saber quem são — deviam ser simplesmente proibidos de falar e de exercer atividade pública. São uns crápulas. Ontem ouvi alguns naquele programa de debate, o Eurodeputados da RTP. Houve um que até teve coragem de ensaiar uma resposta indignada perante este mesmo facto que foi apontado pelo eurodeputado comunista.

 

Não há vergonha nem há decência. Não devíamos aceitar este tipo de baixeza na política. Ou sim, ou não. Ou a favor, ou contra. Dizer sim nuns casos e não noutros, ser a favor perante um interesse ou um amigo e contra noutra circunstância, não pode ser. É o cúmulo da desonestidade política.

publicado às 15:04

1 de outubro de 2017: cai a máscara da democracia espanhola

Fico sempre muito triste, muito chocado, ao ver a polícia a investir sobre multidões perfeitamente pacíficas. O que se passou na Catalunha, durante a manhã de hoje, o que se continua a passar ainda, é chocante.

 

Por um lado, a polícia mostra que mais não é que um conjunto de animais treinados, seres acéfalos amestrados, capazes de exercer violência gratuita por razões meramente tecnocráticas, de erguer e agitar bastões sobre cidadãos indefesos, seres incapazes de empatia, solidariedade ou compaixão para quem luta sem armas e sem vestígio de violência.

 

Por outro lado, enfatiza-se nestas ocasiões o papel real que a polícia e as forças de segurança têm, com efeito, nas sociedades contemporâneas: servem apenas para proteger o poder e os poderosos das massas e não para estabelecer qualquer noção, por ténue que seja, de justiça ou de paz.

 

https://ogimg.infoglobo.com.br/in/21894081-118-3b8/FT1086A/420/x71993636_People-scuffle-with-Spanish-Civil-Guard-officers-outside-a-polling-.jpg.pagespeed.ic.VmPzSkJzwN.jpg

 

O que se passa na Catalunha é absolutamente chocante. Mostra como são falsas estas democracias de papel, como são erigidas sobre alicerces débeis, de circunstância e de hipocrisia. Em Espanha, como na Europa e no resto do mundo, a democracia que tanto se apregoa serve, afinal, até ao momento que deixa de servir. Quando a democracia ameaça os poderes instalados, num ápice põe-se em suspenso, num ápice esmagam-se as vozes que se erguem, num ápice esvaziam-se os conceitos ocos que outrora serviam para defender o regime.

 

Como são débeis estes conceitos que nos vendem à boca cheia! Liberdade, democracia... Como são débeis...

 

O dia de hoje, 1 de outubro de 2017, fica marcado como o dia em que cai a máscara da democracia espanhola. Não deixa de ser irónico, todavia, que a monarquia espanhola tenha sido sempre tão vocal e veemente a apontar o dedo à Venezuela num passado recente: um país que não permite um simples referendo chama de ditadura um país que se desmultiplica em eleições e consultas populares. Onde estão essas vozes, tanto lá como cá, agora?

publicado às 15:21

Catalunha livre

Gostava de ver uma Catalunha independente. Independente, como aquele povo merece e como sempre devia de ter sido, por muitos anos que tenham passado e por muitos mais que possam vir a passar.

 

Não me esqueço de que Portugal deve a restauração da sua independência, em parte, à Catalunha. Devemos-lhes isso. Não fosse a revolta que deu na Guerra da Catalunha de 1640 a 1652 e o nosso próprio golpe revolucionário de 1640 poderia não ter resultado em coisa nenhuma. Por isso, repito: devemos-lhes isso, porque tenho memória histórica e porque amo o meu país. É triste que ao mais alto nível não subsistam estas qualidades. Porque, caso contrário, os mais altos representantes da nação assumiriam o seu dever moral e patriótico de apoiar a causa catalã.

 

Gostava de ver uma Catalunha independente como é o seu direito. Mas gostava também que o caminho livre e independente que o povo catalão há de um dia tomar nas suas próprias mãos fosse um caminho de progresso social e humano e que a Catalunha livre de Castela se erguesse como um farol de liberdade. Um farol para iluminar a europa e o mundo neste século XXI. De países conservadores e repressores já estamos bem servidos.

publicado às 23:27

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