Nostalgia do regresso ao futuro
Neste fim-de-semana que passou revi todos os filmes da trilogia Regresso ao Futuro. No final da maratona, não pude deixar de sentir uma nostalgia à flor da pele.
Na década de oitenta havia um certo espírito de audácia, de desafio, de sonho, que pairava no ar, que se respirava a plenos pulmões. Estou seguro disto que escrevo porque me lembro bem da doçura desse ar, do sorriso com o qual olhava em frente. A nostalgia sentida vem daí, dessas memórias de trinta anos ou mais.
Nos anos oitenta parecia que tudo era novo e parecia que podíamos imaginar o futuro como quiséssemos. Parecia que, independentemente da loucura dos nossos sonhos, tudo seria concretizável no futuro.
Hoje, quinze anos volvidos no novo milénio, o sentimento dominante é precisamente inverso ao dos anos oitenta. Hoje o tempo é de resignação. Resignação é a palavra de ordem. Resignação é o lema. A vida é como é, nunca foi melhor e nunca poderá ser melhor. Esta é a verdadeira justificação das nossas escolhas políticas. Esta é a razão de ser de tudo e do mundo que se apresenta hoje aos nossos olhos.
Nada faria prever que após um século XX de tantas transformações, de tanto sonho e utopia, de tanta emancipação de povos, de homens e de mulheres, que o século XXI fosse o ano da domesticação dos povos. O futuro é hoje. O futuro é resignação. A nostalgia nasce daqui.