“S” de surrealismo
Assistir à discussão em torno da questão grega é um exercício surreal. Assumem-se preconceitos, vomitam-se chavões, deduzem-se estados de alma, induzem-se pseudo-princípios, pseudo-ideais, pseudo-táticas, misturam-se questões de caráter com questões de política. Fala-se do que se diz ou ouviu dizer. Discutem-se suposições sobre suposições. Comparam-se dados ilusórios presentes em relatórios a que ninguém tem acesso a não ser sumários recitados a preceito. Tudo para que, no fim, se possam extrair conclusões para todos os gostos ainda que sem um pingo de consistência, coerência ou lógica.
O debate político está feito nisto. Os atores convidados não se equivocam nas suas linhas encomendadas à letra. O público assiste, entretido. Não lhe interessa ou sequer convém saber dos porquês com detalhe e rigor. É mais fácil assimilar os acontecimentos a duas cores e tomar o partido da maioria ou, até, não tomar partido nenhum.