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Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

Retratos da democracia moderna

Será que sou só eu que considera os pontos de situação diários sobre os fogos um espetáculo deprimente, algo ultrajante e, também, vexatório?

 

A política portuguesa, em linha com a internacional, terá ingressado em definitivo num género de espetáculo mediático com tanto de entretenimento, quanto de putrescência.

 

O importante não é a ação governativa. Não. O importante é o espetáculo que se monta. Ninguém assume responsabilidade de nada desde que o plano televisivo seja favorável e os comentários — por muito imbecis que sejam — abonatórios.

 

http://images-cdn.impresa.pt/sicnot/2017-07-19-h264_thumb0_sec_0.png-23/fb/wm

 

Porque aquela senhora da proteção civil vem todos os dias pelas nove horas matinais à televisão descrever-nos como é que o país ardeu no dia anterior, como vai arder nesse dia e como se perspetiva que arda nos dias seguintes, porque se presta todos os dias a esse desonroso papel de nos informar de algo — o trabalho do governo, dos bombeiros e da proteção civil — sobre o qual não teremos qualquer responsabilidade, parece que o seu dever — prevenir e solucionar o problema dos fogos — fica cumprido e que larga um fardo sobre os nossos ombros, aliviando os seus próprios ombros do peso do seu dever. É como se o dever primordial das autoridades fosse aquele briefing e não o que está a montante do briefing. Com o passar do tempo, acreditamos que sim.

 

Neste país até as coisas mais rudimentares parecem estar a funcionar ao contrário. O exercício da responsabilidade assume hoje uma sinuosa natureza. Hoje em dia é mais importante um briefing sobre o dever do que o dever propriamente dito. Será isto parte do conceito de democracia moderna? Lamentavelmente, esta democracia moderna tem muito pouco de avançada.

publicado às 10:54

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