Regresso a uma espécie de normalidade
Parece que amanhã o Presidente da República recém eleito promulgará o retorno dos dois feriados nacionais de caráter de Estado, a saber: o Cinco de Outubro, dia da Implantação da República, e o Um de Dezembro, dia da Restauração da Independência. Para além destes, também os dois feriados religiosos, o Corpo de Deus e o dia de Todos os Santos, voltam, como que a reboque dos primeiros.
O ato não é mais do que simbólico, mas dizer-se simbólico não é dizer algo de somenos. Parece que se respira uma certa retoma de normalidade.
Parece que com a retirada dos feriados, flagelávamos um pouco da nossa identidade coletiva e fazíamo-lo em nome de interesses externos. A retirada dos feriados era como um castigo que se aplica a um menino da escola primária, servindo apenas para nos fazer ver que a culpa da situação era somente nossa e que a partir daí teríamos de melhorar o comportamento.
Com a reintrodução dos feriados, dá impressão de que este paternalismo político de natureza profundamente hipócrita e mentecapta aliviou um pouco. Dá a impressão de um retomar, ainda que tímido, do caminho, enquanto povo com identidade própria que é aquilo que é e não aquilo que os outros querem que seja. Dá impressão que retornámos a uma espécie de normalidade.