Lembremo-nos dos gregos
Chama-se de Grécia Antiga a uma civilização que existiu entre aproximadamente o século VIII a. C. e o ano 600 d. C. Esta civilização não era delimitada exclusivamente por fronteiras políticas. Pelo contrário, as muitas dezenas de cidades-estado que varriam toda a zona que hoje é ocupada pela atual Grécia, pelo sul de Itália e da França, a Macedónia, o Chipre, a Turquia e parte do norte de África, eram unidas por um laço mais forte chamado de cultura, de filosofia e de ciência.
Na Grécia Antiga sabia-se mais matemática e tinha-se mais conhecimento do que durante os quase dois milénios que se seguiram ao fim do império romano. Sabia-se, por exemplo, que era a Terra que orbitava em torno do Sol e não o contrário. Estimara-se também o raio da Terra e a distância da Terra à Lua. São apenas alguns exemplos. Os avanços dos gregos abrangeram praticamente todas as áreas do saber e da cultura.
É surpreendente constatar como foi possível apagar este riquíssimo legado da História do Homem durante quase dois mil anos. Sim, foi exatamente isso que aconteceu. De um momento para o outro, a recém criada Igreja Católica queimou livros e bibliotecas, apedrejou e queimou sábios e cientistas e mergulhou toda uma civilização nas mais profundas trevas culturais, período esse ao qual se convencionou chamar de “Idade Média”. Da noite para o dia, passou-se a acreditar que afinal era o Sol a “viajar” em torno de uma Terra plana. Mesmo depois do fim deste período, a retoma do caminho da cultura fez-se sempre muito devagar, muito lentamente. Ainda hoje, a sociedade contemporânea alicerça-se sobre o legado grego.
Ninguém sabe ao certo o que se perdeu. Ninguém pode afirmar com segurança com quantos séculos de atraso ficámos, o quão à frente estaríamos se tal não tivesse ocorrido. Mas, para mim, o importante é notar o facto. O que é importante é perceber que sim, que é possível mergulhar o povo na mais profunda ignorância de um dia para o outro, literalmente. Aconteceu no passado. Pode-se repetir no futuro. E quando nos apoiamos sobre os recursos tecnológicos de que hoje dispomos e no que mais temos à disposição para desprezarmos tal ameaça, estamo-nos apenas a enganar. Não dominamos nada de nada. Quanto muito, os sistemas de comunicação apenas concorrem para a lavagem cerebral coletiva. Bem entendido, hoje em dia é ainda mais sofisticado enganar o povo.
Se não se acreditarem, se acharem que é teoria da conspiração, olhem para a História. Lembrem-se dos gregos.