Isto é o capitalismo
Pela primeira vez na história, a do Homem moderno pelo menos, apenas um ponto percentual da população do planeta detém tanta riqueza como os restantes noventa e nove por cento. Esta é a principal conclusão de um estudo de uma organização não-governamental britânica, Oxfam, que se baseia em dados do banco Credit Suisse relativos a outubro do ano passado.
Aqui não interessa se a razão que reflete a distribuição da riqueza é exatamente esta ou é ligeiramente diferente. O que interessa é o caminho que estamos a percorrer, para onde nos dirigimos enquanto humanidade e se concordamos com o caminho. E não importa ficar muito chocado com a natureza dramática dos dados e simultaneamente manter a mesma fé cega no sistema que nos trouxe até este ponto.
Isto é o capitalismo. Isto é o capitalismo num estado avançado e, portanto, decadente. Porque o capitalismo não converge para nenhum equilíbrio são: o capitalismo tende apenas para o extremar da concentração da riqueza, das desigualdades e da condição das classes sociais.
Por vezes parece que não é assim, parece que o capitalismo cresce crescimento e melhoria das condições de vida. A ilusão resulta apenas das barreiras físicas entre as populações que não se veem, que não se cheiram, que não têm sensibilidade para notar que, a quilómetros de distância, outros sofrem e definham para que eles possam viver melhor.
Mas mesmo esse efeito, essa sensação de crescimento, é sempre passageiro porque o capitalismo trata de continuar a concentrar a riqueza nos bolsos de cada vez menos pessoas, como uma praga que se move de um sítio para o outro, continuamente, até extinguir todos os recursos.