Imbecis de Portugal
A quantidade de imbecis que pulula pelas redes sociais cresce de forma exponencial. Mais grave é sermos obrigados a reconhecer que essa imbecilidade virtual é reflexo de uma imbecilidade real e que estas se alimentam uma à outra.
A propósito da formação do novo governo há uma imbecilidade que impera e que tem uma natureza dupla. Por um lado, um desconhecimento aterrador do nosso sistema político democrático. Aqui, sublinhe-se a palavra “democrático”. Por outro lado, uma ideia autoritária de imposição da sua vontade à vontade do vizinho.
Fala-se do nosso sistema político como se de um sistema bipartidário se tratasse, assim do género do sistema americano. Num sistema de dois partidos resulta evidente que o partido mais votado é o que tem maioria para governar. Num sistema pluripartidário como o nosso a coisa é diferente. Envolve negociação e entendimentos e a maioria parlamentar pode perfeitamente não envolver o partido mais votado e, como maioria que é, é representativa da maioria dos eleitores, logo absolutamente democrática. E é a maioria parlamentar que suporta o governo e não o contrário.
É que até parece que assim não é. Quando se lê aquilo que escrevem esta quantidade exponencialmente crescente de imbecis, os imbecis de Portugal, das redes sociais, dos cafés, dos jornais e das televisões, até parece que o que é democrático é a minoria parlamentar governar, tão somente pelo facto de ser essa a sua vontade.
E é engraçado notar que esta imbecilidade também é democrática: não escolhe idades, género, religião, cor, nível de literacia. Neste caso, como em outros, é estupendo verificar que tanto o letrado como o indigente se unem na verborreia e na imbecilidade que expelem.