Evidência sobre insondabilidade do povo e a "nova esquerda"
Em verdade, as razões que sustentam as escolhas democráticas do povo são insondáveis.
Quem imaginaria, no seu perfeito juízo, que após a canalhada de governação do Syriza na Grécia, subjugando-se totalmente ao diretório de potências europeu, adotando toda e ainda mais alguma da austeridade contra a qual erguia bandeiras antes de ser governo, o Bloco de Esquerda e o Podemos, partidos totalmente colados politicamente a essa “nova esquerda” encabeçada pelo Syriza, obtivessem os seus melhores resultados eleitorais?
Para mim, que me considero de esquerda e que me considero com um mínimo de racionalidade lógica é algo de verdadeiramente surreal. O que é que o povo pensa afinal? Mais importante: o que é que o povo de esquerda pensa? O povo olha a situação, observa os factos que são claros e decide-se deste modo, como que suportando um movimento que tem dado provas de não possuir uma verdadeira alternativa ao sistema. O que podemos esperar do Bloco de Esquerda e do Podemos se acaso chegarem ao poder, se não uma réplica local da ação do Syriza grego? De que evidências dispomos, que sinais esses partidos nos dão, para podermos pensar o contrário?
A “nova esquerda” não é, com efeito, revolucionária: é apenas reivindicativa. A “nova esquerda” não pretende a transformação do sistema e das suas estruturas: pretende apenas operar uma maquilhagem sobre a sua face. A “nova esquerda” não tem sequer teoria para aplicar na prática: fica-se apenas por um conjunto de boas e de justas intenções. Sobre como levá-las à prática... isso é outra história. E é por isso que a “nova esquerda” não é mais do que uma perda de tempo. Falta-lhe cultura e História. Falta-lhe ler os clássicos. E talvez não seja necessário procurar mais longe: talvez seja exatamente aqui que radiquem os seus mais recentes sucessos eleitorais, condenados, consequentemente, à efemeridade.