Este governo também faz requisições de serviços mínimos
Perante as múltiplas ameaças de greve que o país enfrenta, descontando a hipocrisia e o descaramento dos seus representantes, a resposta do governo PS é em tudo idêntica à do anterior executivo PSD-CDS. Nos seus pérfidos gabinetes já se preparam, tal como no passado, as infames requisições de serviços mínimos, pejadas de ilegalidade, saturadas de ignobilidade, ao mesmo tempo que se ignora as justas reivindicações dos trabalhadores, justamente aqueles que têm pago a crise, os juros da dívida e o défice. São requisições de serviços mínimos que, na prática, obrigam a serviços máximos, desmobilizando a luta dos trabalhadores. Não interessa que sejam ilegais. Não interessa que os tribunais condenem — vêm sempre tarde demais. O seu objetivo é sempre o mesmo: ferir de morte o exercício do direito à greve.
Com que olhos vê o PCP esta realidade? Com que cara enfrenta o seu eleitorado? Não me refiro aos aparelhistas que com tudo concordam e que tudo justificam. Refiro-me aos outros, que formam os sete-oito pontinhos percentuais que raramente falham, aqueles militantes ou simpatizantes que pensam pela sua própria cabeça e que sempre se identificaram com a coerência do Partido Comunista Português. O que diz o PCP a estes militantes? Onde encontra o partido justificações para apoiar agora o que antes combatia?
Dizia Pacheco Pereira que o PCP e o Bloco têm agora um poder efetivo, que nunca tiveram, ao fazerem parte desta solução governativa. Mas qual poder? Aumentar uns cêntimos aos reformados é suficiente para estes partidos? Proteger o funcionalismo público é suficiente? Se têm poder que uso têm feito dele? O que eu vejo é o PS a governar a seu bel-prazer com uma carta branca sem qualquer tipo de justificação e que esgotou a sua razão de ser há muito tempo. O PCP e o Bloco parecem estar reféns desta solução de mal menor, desta ideia fixa de que isto é mau mas a alternativa era pior. Acordem: não é pior! É igual!