Escrever “arte”
Escrever não é despejar quilos de informação para o papel. Escrever “arte” é outra coisa.
É, pelo contrário, saber escolher que detalhes revelar. Quando se conta uma história o principal objetivo é capturar literalmente a atenção do leitor. Isso não se faz, contudo, com a inundação do mesmo com detalhe.
O escritor deve, com efeito, deixar espaço branco, espaço em aberto, para que o leitor o preencha com a sua própria imaginação, com os seus próprios detalhes, com algo que seja seu. Deste modo a história, não deixando de ser transmitida rigorosamente, passa a ser pertença do leitor, pois uma certa quantidade de detalhes perfeitamente irrelevantes (e aqui é que entra em jogo a capacidade do escritor) serão daquele leitor e apenas dele.
É por isso que o grande desafio do escritor não é simplesmente colocar a história no papel. Isso, qualquer um, qualquer jornalista, o pode fazer. O grande desafio do escritor é, antes, escolher o que contar, escolher como contar e abrir um caminho transparente e aliciante que o leitor possa percorrer.