É melhor do que nada
Quando não se tem nada mais a dizer. Quando se esgotaram os argumentos. Quando se tem preguiça de pensar. Quando não se considera ou quando não se respeita o interlocutor com quem se discute. Quando se é, enfim, nada mais do que um pobre ignorante. O “é melhor do que nada” faz a sua brilhante aparição. Não diz tudo. Em boa verdade, não diz nada. Satisfaz, contudo, o emissor e pode chegar mesmo a irritar o recetor quer pelo contraditório vazio quer na sua produção de raciocínio. Os mais experientes, porém, notam nestas palavras o pretexto bastante para abandonar com brevidade o debate e o interlocutor à sua santa ignorância. Até porque depois do “é melhor do que nada” costuma se seguir o “não vale a pena”, o “não há dinheiro”, o “não se pode fazer nada/melhor” e o brilhante “são todos iguais”.