Basta um pequeno distúrbio e tudo muda
Um dia, um Professor disse-me algo a que recorro sempre que me sinto triste com esta inércia que governa o mundo e as sociedades humanas. Refiro-me ao que parecem ser as inevitabilidades do mundo. Refiro-me àquelas regras não demonstráveis inspiradas numa espécie de empirismo prático, ditadas pelos professores medíocres e copiadas pelos estudantes-ovelha, sem suscitarem uma pergunta que seja.
Muitas vezes, parece que nada transformará esta velha engrenagem, parece que os povos estão tão identificados com esta estratificação social que ela valerá para sempre. Não faz sentido pensar assim, há exemplos suficientes que mostram que é possível pensar as relações sociais de forma diferente, não interessa a difamação de que ainda hoje são alvo.
Mas, apesar de tudo, há dias que me apanham triste, deprimido com esta inércia. Então lembro-me do Professor de quem falava logo na primeira linha deste texto. Ele dizia: “As relações sociais são como uma bomba atómica. A bomba atómica é estruturalmente muito estável. Só que um pequeno distúrbio na sua estrutura gera uma explosão gigantesca. As relações sociais são iguais. Tudo parece ser de natureza perene e imutável. Todavia, de um momento para o outro, dá-se uma explosão, basta um pequeno distúrbio, que depressa se desmultiplica de modo exponencial, e tudo muda.”
É a esta ideia que me agarro. É esta ideia que me dá esperança no amanhã que virá.