A inenarrável questão russa
Por que razão é que o presidente russo havia de ordenar o homicídio de um duplo espião libertado por si próprio há sete anos e há sete anos a viver em solo britânico?
Será que subsistia algum segredo russo que, ao longo destes sete anos, este espião ainda não havia revelado aos serviços secretos britânicos?
E por que razão é que a Rússia havia de escolher como método um gás tóxico perigosíssimo — a mais pequena quantidade é capaz de exterminar vilas inteiras — para assassinar um só indivíduo e que podia ser associado a si própria?
Não me sabem dizer? Não interessa, pois não?
A questão é tão inenarrável, de tão absurda que é, que nem vale a pena prosseguir.
As sociedades estão convertidas nisto, nesta massa de distraídos e de alheados que comem tudo o que lhes é dado, por mais absurdo que seja. Somos uma massa, no fundo, de vulgares preconceituosos e ignorantes. Que assim seja: os russos é que são maus, são um perigo para a paz mundial! Os ocidentais são uns santos que nos protegem! Carreguem, jornais “de referência”. Carreguem, televisões e rádios. Carreguem, opinion makers! Lavagem cerebral da melhor!