A guerra e a greve
Não escrevi praticamente nada sobre a guerra na Ucrânia desde o início do conflito. O tema é complexo, estupidamente bipolarizado e, para mim, comum mortal, sinto que, desde o princípio, me faltavam bases sólidas para poder opinar. Entre um ocidente que chama a Rússia de comunista e uma Rússia capitalista com outros interesses para além da sua segurança, desde cedo me pareceu avisado simplesmente abster-me e não participar na insanidade.
Vou registar apenas aqui um momento que se deu esta semana e começa a anunciar uma viragem interpretativa e uma adaptação conveniente das narrativas a ocidente, no que ao conflito diz respeito. Quando este conflito acabar, ainda vamos ver, quer-me parecer, muitos comentadores e fazedores de opinião a dar o dito pelo não dito e a fazer piruetas de assinalável dificuldade técnica. Lembrem-se que, para muitos, anti-comunistas, a China já não é comunista e só lhes falta entoar o hino.
Um outro assunto em nada relacionado com este — ou talvez não seja bem assim?! — é a inusitada greve dos jornalistas da TSF e a incrível falta de cobertura da imprensa a respeito. É mesmo assim que se vê a hipocrisia do jornalismo que anda sempre a apregoar-se como defensor da liberdade e suprime, assim, a informação de modo totalmente descarado.