A forja de coligações
É preciso um elevado grau de descaramento e de indecência ideológica para se falar na existência de uma maioria de esquerda parlamentar. Mas qual maioria? Mas qual esquerda?
Persistimos, inclusivamente todos os intervenientes diretos, em falar de esquerda como se de uma cor clubística se tratasse, como se esquerda ou direita fosse uma convenção sobre quem se senta de um lado ou de outro do presidente da assembleia. Acho que já chega desta hipocrisia.
Não há nenhuma maioria de esquerda no parlamento. Dos três partidos de que falamos apenas se vislumbra uma aliança Bloco com CDU, visto que o PS apenas por taticismo político alimenta essa ideia. Pela sua natureza histórica, o PS alia-se mais depressa ao CDS e ao PSD do que a qualquer outro. Alia-se desse modo porque ideologicamente estão todos muito próximos e é aí que se vê o significado de esquerda ou de direita. Mas, neste momento, equacionam-se cenários e estratégias para se ascender ao poder.
Do mesmo modo, a CDU e o Bloco parecem querer “entalar” o PS contra a parede com a ideia deste projeto governativo de “esquerda”, encurralando-o politicamente e quebrando, com isso, a máscara de cordeiro que o PS exibe na face.