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Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

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Os fantasmas de Kafka revisitados à luz dos dias de hoje

Em 1925 é editado pela primeira vez o romance O Processo (Der Process) do autor checo Franz Kafka, no ano imediatamente seguinte ao da sua morte. O livro, que teria sido escrito entre 1914 e 1915, constitui uma das obras primas de Kafka e reflete a sua obsessão com a máquina burocrática dos estados, monstros que oprimem a liberdade do cidadão anónimo e esmagam a sua individualidade.

 

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/87/Kafka_Der_Prozess_1925.jpg

 

Neste sentido, não é surpreendente que o personagem principal seja designado apenas por Joseph K., ou seja, por um nome próprio, Joseph — um nome, aliás, extraordinariamente comum no mundo cristão —, e uma inicial K. como indicadora de apelido, claramente subvalorizando-o desta forma. Para o autor, o personagem principal, que muitos consideram uma personificação do próprio Kafka, é importante sobretudo por constituir-se como um representante do cidadão anónimo e não pelas suas características particulares.

 

http://s10.postimg.org/a8mcjk8u1/RAFH.jpg

Kafka, que nasceu numa parte do império austro-húngaro, viveu durante o seu auge e assistiu à sua dissolução no pós primeira grande guerra, conta a história da perseguição surreal a um trabalhador de um banco, o tal Joseph K., que se vê, de um momento para o outro, alvo de um processo, desconhecendo por completo as razões para tal. Joseph K. luta desesperadamente e cegamente — pois tudo o que o rodeia escapa à sua compreensão e controlo — contra um autoritarismo burocrático que parece amordaçá-lo cada vez mais, envolvendo-o numa teia artificial de culpa que, qual areia movediça, por mais que resista, acaba por levar a melhor sobre ele, resultando ultimamente na sua execução.

 

Recentemente, surpreendeu-me ler semelhantes preocupações numa passagem de A Leste do Paraíso (East of Eden), de John Steinbeck, um autor que muito estimo:

 

A nossa espécie é a única criadora e dispõe de uma só faculdade criadora: o espírito individual do homem. Dois homens nunca criaram nada. Não existe colaboração eficaz em música, em poesia, nas matemáticas, na filosofia. Só depois de se ter dado o milagre da criação é que o grupo o pode explorar. O grupo nunca inventa nada. O bem mais precioso é o cérebro isolado do homem.

(...)

Eis o que penso: o espírito livre e curioso do homem é o que de mais valioso há no mundo. E por isto me baterei: a liberdade para o espírito de tomar a direção que lhe apetecer. E contra isto me baterei: qualquer ideia, religião ou governo que limitar ou destruir a noção de individualidade.

— John Steinbeck, A Leste do Paraíso

 

Quem tiver a curiosidade de ler a passagem completa percebe que estas palavras surgem no contexto dos princípios da Guerra Fria e expressam precisamente a mesma preocupação obsessiva de Kafka para com os estados burocráticos esmagadores das individualidades. Era uma altura de choque civilizacional, da ascensão de medos, do medo pelo desconhecido. Não deixa de ser, todavia, surpreendente. É absolutamente compreensível, bem entendido, mas é, para mim, surpreendente.

 

Surpreende-me ler estas preocupações escritas desta forma pelo autor de As Vinhas da Ira, entre outras magníficas obras. Surpreende-me que a valorização dos sentidos de camaradagem e de fraternidade, tão engradecidos nas suas primeiras obras, sejam tão negligenciados, tão colocados de lado, ao longo das linhas supracitadas, no que à elevação do indivíduo diz respeito. É que a passagem que citei é um bom exemplo de como podemos dizer algo de genuinamente verdadeiro — quem não concorda que o coletivo tem o potencial de esmagar as individualidades? — de uma forma desprovida de um mínimo bom senso.

 

https://portalivros.files.wordpress.com/2012/04/lb-lestep.jpg

 

Importa sublinhar, contudo, o facto do primeiro parágrafo da citação encontrar-se carregado de conclusões falsas. Podemo-lo comprovar facilmente. A ciência, em geral, nunca evoluiu tanto como nos dias de hoje, suportada numa colaboração cada vez mais ampla e generalizada de cientistas de diversas áreas. É, portanto, falso dizer-se o contrário. É claro que tudo tem origem, analisando de forma sintética, num só indivíduo, não em dois ou três, mas num apenas. A questão não está aí, mas antes em saber se essa ação individual de descoberta, que Steinbeck qualifica como “miraculosa”, poderia ocorrer por si só, sem o contacto com os outros que o rodeiam. É que o milagre está, em minha opinião, precisamente aí, nos outros, e não atrás, onde é mais óbvio, no indivíduo descobridor. Essa é a razão de ser do facto desta era contemporânea colocar-se a anos luz relativamente a todas as outras no que diz respeito a inovação científica e, até, artística. Os cientistas e os artistas não são mais os bichos isolados da Idade Média que faziam tudo por tudo para esconder a sua arte e as suas descobertas até que estivessem prontas e que delas pudessem extrair algum sustento. Pelo contrário, são antes a face visível de um todo criativo.

 

Não obstante o texto já ir longo, ainda não cheguei ao ponto que me fez principiar a sua escrita. É que há nestas preocupações com as máquinas burocráticas, tanto as de Kafka como as de Steinbeck, nas quais reconheço tanto de legitimidade quanto de transversalidade à generalidade das populações, uma ideia subliminar de que se trata de uma condição dos estados, como que um sintoma de uma doença de autoritarismo e controlo estatal, própria de governos com poder a mais, de sistemas de governação perversos e dominadores. Ainda hoje, parece-me transparente que esta ideia influencia determinantemente as opções democráticas das populações, condicionando as suas escolhas no sentido de limitação do poder aos estados e aos governos.

 

Ora, é contra esta ideia subliminar que me oponho. É contra esta ideia omnipresente que escrevo este texto.

 

Há uns tempos encomendei uma cozinha a uma grande empresa multinacional. Encomendei cada peça e a respetiva montagem. Os custos foram pagos previamente e na sua totalidade e ficou combinado a obra ficar pronta ainda antes da Páscoa. Pois acontece que faltou uma peça, o acabamento foi sendo sucessivamente adiado, foram perdidas manhãs de trabalho da minha parte em intermináveis esperas para que as equipas viessem fazer o serviço, serviço esse que ficou concluído apenas a meio desta semana que agora terminou. Não houve direito a nenhuma compensação pelo atraso. Todas as reclamações foram recebidas com superior escárnio e desinteresse: afinal, a grande companhia nada tinha que ver com a empresa de montagem subcontratada para o efeito...

 

Serve portanto este relato verídico pessoal como exemplo para o que deixámos que a nossa sociedade se tornasse, governados pela tal ideia subliminar de Kafka e de Steinbeck. É que, cegados por essa ideia, horrorizados com a possibilidade de que os estados se embriagassem de poder, entregámo-lo, ao poder, numa salva de prata, aos interesses privados que cresceram e proliferaram como grandes companhias internacionais. O poder reside por completo nas suas mãos. Encontra-se bem plasmado nos contratos de prestações de serviços que assinamos, seja para encomendar uma cozinha, serviço de televisão e internet, ou qualquer outra coisa. Basta proceder à sua leitura. Todos os interesses dos capitalistas, ao contrário dos nossos, encontram-se bem salvaguardados.

 

E em caso de conflito, e aqui reside a parte mais interessante, todos os fantasmas de Kafka são ressuscitados mais autênticos e concretos do que nunca: trata-se do indivíduo isolado contra a máquina burocrática, não a do estado, mas a das grandes corporações, com as suas equipas de advogados dedicadas, todo um estado a legislar em seu benefício, e todo um sistema judicial ajuizando, com jurisprudência adequada, em seu favor.

 

Ao crescer, as grandes corporações foram multiplicando o seu poder e tomaram o estado democrático para si próprias, detendo-o amarrado a uma trela curta segura pelo seu firme punho fechado. Os fantasmas de Kafka são, afinal, muito mais reais assim, em estados fracos manietados pelos interesses económicos burgueses, no que noutra configuração qualquer. A máquina burocrática esmagadora da individualidade do cidadão, a besta terrível que devora as liberdades individuais, nunca conheceu tamanho poder pois age sob a capa da democracia, escondendo-se atrás daquela ideia subliminar do “papão estatal”.

 

Com isto não advogo a tese de que a máquina burocrática estatal é melhor do que a máquina burocrática corporativa. Bem vistas as coisas, até poderão ser consideradas faces da mesma moeda. A diferença é outra: a primeira é subordinada ao nosso voto, à nossa escolha democrática. A segunda, não. A segunda é uma forma de fascismo não declarado.

publicado às 13:50

As contemporâneas vinhas da ira

Todos os dias os sites de emprego inundam as caixas de correio daqueles que o procuram com dezenas de novas oportunidades, centenas de ofertas. Muitas delas não têm nada de novo. Muitas são recorrentes ou apresentadas de uma outra forma. Muitas oferecem-nos a oportunidade de pagar para trabalhar. E, por isso, lá permanecem muito tempo, à espera que algum desgraçado lhes pegue.

 

Os meios de propaganda evoluíram: são mais baratos, mais rápidos e eficazes, mas o processo permanece o mesmo, todavia aprimorado e otimizado.

 

Isto fez-me lembrar uma passagem particular de As Vinhas da Ira, de John Steinbeck, que reproduzo, em seguida, na íntegra. É assustador como nós, enquanto povo, evoluímos tão pouco em termos dos nossos princípios e da nossa inteligência. Somos as mesmas ovelhas de sempre, mais diploma, menos diploma, a lamber os pés dos mesmos pastores que nos governam.

 

      “O esfarrapado perguntou:

      — Vocês não têm para onde ir? Não podem voltar para casa?

      — Não — disse o pai. — Expulsaram-nos. Passaram um trator por cima da casa.

      — Então não podem voltar para trás?

      — Claro que não.

      — Então não vale a pena desencorajá-los — disse o esfarrapado.

      — Nem nos desencoraja. Pois se eu vi esse papel que dizia que eles precisavam de gente! Se eles não precisassem de gente, era um disparate gastarem dinheiro em impressos. Nem os distribuiriam se não precisassem de gente.

      — Está bem; não quero desencorajá-los.

      O pai gritou colérico:

      — Agora, que já começou a dizer asneiras, não fique calado, ouviu? Estava lá escrito: «Precisa-se de gente.» E você aí a rir-se e a dizer que é mentira. Quem é que mente, afinal de contas?

      O esfarrapado fixou bem os olhos irritados do pai. Parecia triste.

      — O papel diz a verdade — respondeu. — Lá precisar de gente, precisam.

      — Então porque é que você se ri tanto?

      — É porque vocês não sabem de que espécie de gente é que eles precisam.

      — Como, que espécie de gente?

      O esfarrapado tomou uma decisão:

      — Ouça, senhor. Quanta gente diz o papel que eles precisam?

      — Oitocentos e isto é só num sítio.

      — É um papel cor de laranja, não é?

      — É sim, porquê?

      — Tem o nome do tipo... fulano de tal... engajador?

      O pai meteu a mão no bolso e retirou o impresso dobrado.

      — Ouça — disse o homem. — Isso não faz sentido. Esse tipo quer oitocentos homens. Manda imprimir cinco mil desses papelinhos, que umas vinte mil pessoas lêem. Vão para lá pelo menos umas duas, três mil pessoas, por causa desse papel. Pessoas que já não sabem onde têm a cabeça com tanta preocupação.

      — Mas isso não se compreende — gritou o pai.

      — Mas vão compreender quando falarem com o tipo que mandou distribuir esses papéis. Com ele ou com qualquer outro que trabalhe para ele. Vocês vão pernoitar nas valas das estradas juntamente com outras cinquenta famílias mais. E ele vai procurar a vossa tenda, a ver se vocês ainda têm de comer. E quando vocês já não tiverem nada, pergunta-lhes assim: «Querem trabalhar?» E vocês respondem: «Queremos, sim, senhor. Que bom se o senhor nos arranjasse trabalho!» E ele dirá: «Talvez se possa arranjar alguma coisa.» E vocês perguntam: «Quando poderemos começar?» E ele então diz-lhes para onde devem ir e quando e depois vai-se embora. Talvez ele precise de umas duzentas pessoas, mas fala com quinhentas, pelo menos, que contam a coisa a outras, de modo que, quando vocês chegarem ao lugar marcado, já lá encontram umas mil pessoas. Aí, esse sujeito que falou com vocês, diz: «Eu pago vinte cents a hora.» E então, pelo menos metade das pessoas vai-se embora. Mas ainda ficam outras quinhentas que estão a morrer de fome e que querem trabalhar nem que seja para poderem comprar pão. [...] Compreende agora? Quanto mais gente esfomeada eles arranjam, menos precisam de pagar como salário.”

      in As Vinhas da Ira, John Steinbeck, trad. Virgínia Motta.

publicado às 11:12

A gravidade relativa das notícias

“(...) Ela lia as catástrofes lentamente, com a serenidade que tão bem convinha ao seu sereno e puro perfil latino. «Na ilha de Java um terramoto destruíra vinte aldeias, matara duas mil pessoas...» As agulhas atentas picavam os estofos ligeiros; o fumo dos cigarros rolava docemente na aragem mansa – e ninguém comentou, sequer se interessou pela imensa desventura de Java. Java é tão remota, tão vaga no mapa! Depois, mais perto, na Hungria, «um rio trasbordara, destruindo vilas, searas, os homens e os gados...». Alguém murmurou, através de um lânguido bocejo: «Que desgraça!» A delicada senhora continuava, sem curiosidade, muito calma, aureolada de ouro pela luz. Na Bélgica, numa greve desesperada de operários que as tropas tinham atacado, houvera entre os mortos quatro mulheres, duas criancinhas... Então, aqui e além, na aconchegada sala, vozes já mais interessadas exclamaram brandamente: «Que horror!... Estas greves!... Pobre gente!...» De novo o bafo suave, vindo de entre as rosas, nos envolveu, enquanto a nossa loura amiga percorria o jornal atulhado de males. E ela mesma então teve um «oh!» de dolorida surpresa. No Sul da França, «junto à fronteira, um trem descarrilando causara três mortes, onze ferimentos...» Uma curta emoção, já sincera, passou através de nós com aquela desgraça quase próxima, na fronteira da nossa península, num comboio que desce a Portugal, onde viajam portugueses... Todos lamentaríamos, com expressões já vivas, estendidos nas poltronas, gozando a nossa segurança.

 

A leitora, tão cheia de graça, virou a página do jornal doloroso, e procurava noutra coluna, com um sorriso que lhe voltara, claro e sereno.... E, de repente, solta um grito, leva as mãos à cabeça:

 

– Santo Deus!...

 

Todos nos erguemos num sobressalto. E ela, no seu espanto e terror, balbuciando:

 

– Foi a Luísa Carneiro, da Bela Vista... Esta manhã! Desmanchou um pé!

 

Então a sala inteira se alvorotou num tumulto de surpresa e desgosto.

 

As senhoras arremessaram a costura; os homens esqueceram charutos e poltrona; e todos se debruçaram, reliam a notícia no jornal amargo, se repastavam da dor que ela exalava!... A Luisinha Carneiro! Desmanchara um pé! Já um criado correra, furiosamente, para a Bela Vista, buscar notícias por que ansiávamos. Sobre a mesa, aberto, batido da larga luz, o jornal parecia todo negro, com aquela notícia que o enchia todo, o enegrecia.

 

Dois mil javaneses sepultados no terramoto, a Hungria inundada, soldados matando crianças, um comboio esmigalhado numa ponte, fomes, pestes e guerras, tudo desaparecera – era sombra ligeira e remota. Mas o pé desmanchado da Luísa Carneiro esmagava os nossos corações... Pudera! Todos nós conhecíamos a Luisinha – e ela morava adiante, no começo da Bela Vista, naquela casa onde a grande mimosa se debruçava do muro, dando à rua sombra e perfume.”

 

in As Catástrofes e as Leis de Emoção, Bilhetes de Paris, de Eça de Queirós

 

 

A propósito dos incidentes em Paris, lembrei-me deste pedaço de genialidade de Eça, chamado de As Catástrofes e as Leis de Emoção que, muito coincidentemente, faz parte de um conjunto mais alargado de textos intitulado Bilhetes de Paris.

 

Seria importante que nós, enquanto povo, nos sensibilizássemos ativamente não apenas (e muito justamente!) com o que nos acontece próximo do nosso quintal mas também com o resto, nomeadamente com os bombardeamentos permanentes que acontecem na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e que, todavia, passam incólumes nas notícias.

publicado às 16:30

A Ilha Desconhecida

“(...) Então o homem trancou a roda do leme e desceu ao campo com a foice na mão, e foi quando tinha cortado as primeiras espigas que viu uma sombra ao lado da sua sombra. Acordou abraçado à mulher da limpeza, e ela a ele, confundidos os corpos, confundidos os beliches, que não se sabe se este é o de bombordo ou o de estibordo. Depois, mal o sol acabou de nascer, o homem e a mulher foram pintar a proa do barco, de um lado e do outro, em letras brancas, o nome que ainda faltava dar à caravela. Pela hora do meio-dia, com a maré, A Ilha Desconhecida fez-se enfim ao mar, à procura de si mesma.”

— José Saramago, O Conto da Ilha Desconhecida

publicado às 11:10

Uma versão do equilíbrio económico de Nash

“It was supposed that the pearl buyers were individuals acting alone, bidding against one another for the pearls the fishermen brought in. And once it had been so. But this was a wasteful method, for often, in the excitement of bidding for a fine pearl, too great a price had been paid to the fisherman. This was extravagant and not to be countenanced. Now there was only one pearl buyer with many hands, and the men who sat in their offices and waited for Kino knew what price they would offer, how high they would bid, and what method each one would use.”

— John Steinbeck, The Pearl

 

publicado às 11:47

Tipos de escrita

O universo da escrita pode ser dividido em três tipos essenciais.

 

Em primeiro lugar temos os escritores que escrevem sobre o que experimentam, o que sentem e o que vivem e relatam-no tão fielmente como quanto acreditam possível. Para estes o importante é isso mesmo: traçar um retrato da sociedade e da natureza tão fiel quanto a sua capacidade artística permite.

 

Em segundo lugar existem aqueles que se centram sobre o seu universo imaginário e escrevem, assim, não sobre a realidade em si, mas sobre uma realidade possível, sobre uma existência especulativa. A estes segundos se devem as ilusões e os impossíveis, as utopias, os ideais e os sonhos.

 

Em último lugar e, por mera intenção de exaustividade, temos os escritores que escrevem sobre o que ouvem dizer, sobre o que leem nos jornais, ouvem na rádio ou na televisão, não se podendo intersetar necessariamente nem com o primeiro grupo nem com o segundo, pois na verdade, nada do que dizem será inteiramente seu.

 

O terceiro grupo constitui-se objetivamente como um “verbo de encher”, um eco de outras vozes, destinado a perder-se como murmúrio inaudível, por vezes, não tão rapidamente quanto o desejável.

 

É minha convicção que é de uma conjugação harmoniosa do primeiro grupo com o segundo que surge a grande obra na presença da qual o público encontra genuína e autêntica identificação e, ainda, ter nela uma lanterna, um farol, para iluminar o futuro e aquecê-lo numa manta de retalhos que são sonhos de muitas e diferentes cores. Sonhos tão essenciais para quebrar paradigmas, construir novos e, enfim, fazer com que o Homem se erga e caminhe em frente.

publicado às 14:29

Humanidade

“A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exatamente em ti. Ser-se pessoa implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou a sua expectativa. Sem ninguém no presente nem no futuro, o indivíduo pensa tão sem razão quanto pensam os peixes. Dura pelo engenho que tiver e parece como um tributo indiferenciado do planeta. Parece como uma coisa qualquer.”

— Valter Hugo Mãe, A Desumanização

publicado às 20:34

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