A palavra e a prática
Hoje, António Costa, o Primeiro-ministro, serve-se do Diário de Notícias para emitir uma página de opinião sob o título Dignificar o trabalho para uma economia com futuro. Ao longo dessa página, Costa assume-se frontalmente contra o trabalho precário, defende a segurança e a estabilidade dos trabalhadores e promete os mais variados e redobrados esforços da parte do governo para corrigir a situação que, diz, encara toda a temática como a prioridade das prioridades.
Curiosamente, mesmo na página ao lado — bravo, DN! —, surge uma peça sobre o facto de que este mesmo governo de António Costa prepara-se para rejeitar as propostas do PCP sobre a valorização da contratação coletiva no país. Vieira da Silva, o ministro do trabalho, nem quer ouvir falar delas.
Em duas páginas apenas, lado a lado, desmascara-se de forma clara a realidade deste governo, aquilo em que o governo efetivamente acredita — na peça sobre a contratação coletiva —, secundada pela hipocrisia da mensagem governativa, a sua oratória oca — no artigo de opinião de Costa. Vê-se claramente — mesmo quem é distraído — como este governo é capaz de dizer uma coisa e tudo fazer em sentido contrário do que diz. Trata-se de um governo falso, hipócrita, que não é de confiança. Tem uma palavra e uma prática que se não intersetam.