As mentiras repetidas
Para uma mentira se tornar verdade basta que se repita muitas vezes. Esta é uma daquelas leis da natureza humana que devemos guardar.
Ainda a propósito da morte de Fidel Casto, tenho tido conhecimento de algo de natureza absolutamente insólita, para mim que vivi algum tempo em Cuba. Ao que parece, Cuba persegue as minorias, em geral, e os homossexuais, em particular. Parece que o país da alegria, da música e da dança, que faz da salsa um património da humanidade, celebrada todas as noites nas ruas das vilas, no calçadão de Havana, um país repleto de bares gay e com algum turismo vocacionado para o efeito, parece que, afinal, persegue os homossexuais.
Faz sentido?
Para mim, não faz sentido nenhum. Mas o sentido que faz ou que não faz não interessa aqui para nada. O que interessa é repetir a mentira até à exaustão e ela repete-se, com efeito, passando de boca em boca, pelos lábios vis de cada um dos papagaios do capitalismo com assento permanente — e não eleito, refira-se —, em cada um dos jornais escritos ou falados.
Outro dos disparates propalados é o dos “genocídios”, mas esse é já um fadinho a que regimes comunistas, ou simplesmente aparentados, estão condenados a ter que ouvir. De onde vêm os números, não se sabe muito bem. Se faz sentido que Fidel Castro tenha executado um número de pessoas muitas vezes superior à população cubana, também não. Nenhum sentido, aliás. Mas também aqui, a questão não é a conversa ser factual ou ter algum sentido. Também aqui, a questão é passar uma determinada mensagem de demonização da revolução cubana.
A questão é repetir a mentira, vezes e vezes sem conta, a toda a hora, a toda o momento, pelo maior número de vozes, para que até os relativamente ajuizados ou, simplesmente, céticos, passem a devotamente acreditar.