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Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

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Política sem prática não é política, é oratória

Hoje vi o novo cartaz do Bloco de Esquerda. Diz qualquer coisa como: “vamos tirar a troika do código de trabalho”. Não sei bem se é bem isto, mas é esta a ideia. Pode-se dizer que fiquei, por um momento, embasbacado.

 

Em primeiro lugar, ao dizer uma coisa deste género dá-se a entender que a troika é a raiz dos problemas do código de trabalho em Portugal. Ainda não sonhávamos com a vinda da troika a Portugal e já o código de trabalho estava a ser desmantelado, peça por peça, pelos sucessivos governos PSD e PS. Um protagonista de muitas malfeitorias ao código de trabalho, aliás, é precisamente o atual ministro do trabalho, Vieira da Silva, assim como a sua sucessora dos tempos socráticos, uma tal de Helena André, uma sumidade no que ao trabalho diz respeito. Por isso, dizer “vamos tirar a troika do código de trabalho” é colocar na troika culpas que a troika simplesmente não tem. Que a troika contribuiu para um processo já em curso e o catalisou, é verdade, mas as culpas da troika ficam-se por aqui. Isto de se demonizar pessoas ou entidades é coisa própria de quem convence ovelhas, mentecaptos ou ovelhas mentecaptas. Devia o Bloco olhar para dentro do governo que apoia para encontrar alguns dos verdadeiros carrascos do código de trabalho.

 

Em segundo lugar, gostava que alguém do Bloco de Esquerda me fosse capaz de apontar na prática governativa deste governo, que parlamentarmente apoia, uma medida que tenha contribuído ou que venha a contribuir num hipotético futuro para que a troika deixe o nosso código de trabalho em paz e sossego. A sério: só quero uma medida. Uma reversão. Uma penalização para quem contrata a recibos-verdes. Uma deliberação para forçar a contratação sem termo. Só uma. É que já vai mais de um ano de governação e... nada!

 

É preciso dizer a Catarina Martins, a todos os bloquistas e, mais geralmente, a todos os políticos de esquerda, que política sem prática não é política, é oratória, é verbalismo de limpar o traseiro. Se no momento que se vive hoje ainda não foram capazes de forçar uma medida neste sentido a este executivo, tão pouco não sei quando o serão, nem sei mais — pensava que sabia — se realmente terão mesmo essa intenção.

publicado às 20:36

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