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Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

Uma reflexão sobre como isto vai acabar

No final do dia, contas feitas, fechada a loja, o que resultará da participação, ainda que indireta, das forças parlamentares de esquerda nesta solução governativa? Mais do que nos escondermos em argumentação mais ou menos hábil, convém que reflitamos com seriedade sobre esta questão.

 

Este governo PS representa, no máximo dos máximos, na melhor das melhores hipóteses, não mais que um pé no travão nas políticas de austeridade. “Apenas” isso ou “pelo menos” isso, escolham o advérbio que melhor vos aprouver.

 

Objetivamente, a única coisa que este governo está muito lentamente a lograr é a parar a austeridade sobre aqueles que o governo anterior havia elegido como os bodes expiatórios essenciais da crise e dos desequilíbrios da economia portuguesa: os trabalhadores por conta de outrem, em geral, e os funcionários públicos, em particular.

 

Repito a minha pergunta: é isto suficiente?

 

Adicionalmente, serão estas reversões sustentáveis, se todo o restante quadro do país permanece inalterado, se continuam a ser os mesmos a pagar a crise, se continuam a ser os mesmos a acumular o capital produzido no país sem que o seu “negócio” seja minimamente beliscado, se o aparelho produtivo continua sob resgate do diretório de potências europeias?

 

O código de trabalho permanece desregulado, as relações laborais desequilibradas em favor do patronato, os recibos-verdes veem a sua presença nauseabunda na sociedade cristalizada e enraizada, a segurança social vê o seu papel de biberão de dinheiros públicos para engordar lucros burgueses reforçado e alargado, tudo o que é estrutural na distribuição da riqueza mantem-se intacto ou, em alguns casos, deteriorado.

 

Face ao exposto, aumentar pensões em dez euros e atribuir descontos em passes de transportes públicos a estudantes do superior é suficiente? Acabar com a sobretaxa é suficiente?

 

Para as forças de esquerda parece que é e é pena que seja.

 

Quando este governo cair, as forças de esquerda que o suportam ficarão feridas de morte. Serão culpabilizadas, justa ou injustamente, por todos os pecados do executivo, por cada um dos objetivos falhados, por cada uma das desilusões e ficarão estereotipadas com uma governação que não foi a sua. Nunca mais poderão falar ao povo como se não tivessem nada a ver com o assunto. Nunca mais. E nunca mais a palavra esquerda será pronunciada do mesmo modo, esvaziada de substância e de ideal. E tudo isto a troco de quê? De uma reorganização fiscal e de um aumento de pensões?

 

Visto de longe, não me parece uma jogada muito interessante. Pode ser que esteja enganado. O futuro o dirá.

publicado às 19:39

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