O que somos? Proletários.
Falava há uns tempos com um amigo que me dizia: “As ideologias estão ultrapassadas, amigo. Agora, as fábricas são meia dúzia e nem sequer há proletariado!”.
Sob um certo ponto de vista, o meu amigo estava certo. Esse ponto de vista é a realidade interpretada segundo o contexto da sua definição de proletariado, os operários, aqueles que trabalham nas fábricas, uma definição largamente difundida informalmente, mas todavia errada.
Por proletariado devemos entender a classe dos modernos trabalhadores assalariados os quais, não detendo quaisquer meios de produção seus, encontram-se reduzidos à venda da sua força de trabalho para poderem sobreviver. Os proletários distinguem-se, deste modo, dos outros trabalhadores tradicionais que vendem o produto do seu trabalho.
É por esta razão que qualquer moderno trabalhador, desde um operador de call center a um vendedor porta-a-porta, um assistente comercial (que é como chamam hoje em dia aos lojistas), um professor, um médico, um advogado ou um operário, todos eles detêm esta característica em comum, a única coisa que têm para vender é a sua força de trabalho, mais ou menos qualificada. Cada um deles integra, por força da sua condição, a classe social chamada de proletariado, ainda que não tenham nem queiram ter consciência disso.