A situação brasileira vista sob o contexto da histeria da direita
O Brasil vive um momento difícil mas que não lhe é particular. Aquilo que o Brasil vive é o mesmo que vive a Venezuela e outros estados sul-americanos em escalas diferentes. Também é algo aparentado ao que se passa agora na Síria e que também se passou na Líbia. Sob um certo ponto de vista, também encontramos semelhanças com o processo recente de formação do governo português. Chama-se terrorismo político, perpetrado pelas forças reacionárias e conservadoras.
A resposta que a direita capitalista encontra para fazer face a derrotas eleitorais-democráticas é a histeria sob pretextos artificialmente criados e amplificados pelos meios de comunicação social a soldo do poder económico. Não há qualquer tipo de dúvida de que membros do PT estarão envolvidos em processos de corrupção, mas casos piores verificam-se com os membros da oposição, nomeadamente com o PSDB, cujos membros se encontram enterrados até ao pescoço em cada um dos casos que vieram a público. O caso “mensalão” é, para mim, bastante paradigmático, porque todos tinham conhecimento das malas de dinheiro que serviam para comprar congressistas, mas o mundo apenas acordou para a situação e ficou chocado quando o PT fez uso do mesmo esquema. Adicionalmente, as forças de direita unem-se e compram apoios em toda a parte, juntando-se ao sistema de justiça para levar a cabo golpes de estado.
A direita, as forças conservadoras e retrógradas protetoras dos interesses dos poderosos, daqueles 5% que detêm 95% da riqueza do mundo, está histérica e cheia de medo. A direita está histérica não por estar a perder particular influência no mundo, mas porque não se pode dar ao luxo de perder qualquer tipo de influência no mundo contemporâneo que lhe escorrega por entre as mãos a olhos vistos. A ascensão da China e da Índia concorrem para uma diminuição substancial da área de exploração potencial do diretório de potências capitalistas ocidental e atribuem a mercados como o sul-americano uma condição de imprescindível para a sua sobrevivência.
A razão de ser da crise brasileira é esta. O contexto para a crise brasileira é este. Não é a corrupção, nem a crise económica. É este.