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Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

Demonstração de antipatriotismo

Se há aspeto positivo em redor desta expectável novela do orçamento de estado é a forma como elegantemente se demonstra o antipatriotismo de demasiados portugueses. Deste conjunto, a peçonha é assinalavelmente mais grave quando afeta portugueses detentores de cargos políticos da mais elevada responsabilidade.

 

Façamos uso dos argumentos que bem entendermos e defendamos as posições que consideramos mais justas, mas há sempre um ponto em que o tempo de argumentar se suspende e em que temos o dever de não obstar à ação da posição vencedora do diferendo. Acresce que tal conclusão resulta com a naturalidade de que, se é certo que a discussão envolve interesses, motivações e opiniões distintas, também é certo que todas as partes se reconhecem como isso mesmo: partes de um mesmo todo. Acresce ainda em relevância o facto de que este todo se encontrar em processo negocial com entidades externas.

 

É como no futebol: por muito que não concordemos com as escolhas do selecionador e por muito que nos ofenda não ver mais jogadores da nossa equipa entre os convocados, uma vez iniciada a partida, a disputa, somos todos pela seleção, torcemos por todos e por cada um daqueles jogadores que vestem as cores da nossa bandeira.

 

O que se passa com a discussão em torno do orçamento de estado para o ano corrente não é nada disto. O governo, concorde-se ou não com as suas ideias, procura o melhor acordo possível com os interlocutores europeus, ao mesmo tempo que internamente, a nível do parlamento nacional, e mesmo externamente, a nível do parlamento europeu, a oposição perpetua um irrelevante debate e, com isso, enfraquece a posição negocial do país. Tal atitude constitui-se como uma imagem marcante de antipatriotismo e de, sublinhe-se cada uma das letras, terrorismo conspirativo político. A oposição, os seus deputados e eurodeputados, concorre objetivamente e ativamente para o fracasso do governo do seu país colocando-se do lado dos nossos opositores.

 

A tudo isto a sociedade portuguesa assiste com normalidade, sendo que uma parte substancial da mesma se posiciona do lado dos com que connosco negoceiam, ou seja, contra os interesses do nosso próprio país. Este posicionamento surge da ideologia de pensamento único vigente segundo a qual o capital é sagrado e os capitalistas (mercados) são deuses.

 

Perante o Olimpo, as aspirações dos mortais terrestres são irrelevantes e devem ser subjugadas aos interesses dos deuses, seus superiores. Este quadro alegórico é amplamente difundido pelos meios de comunicação social e, deste modo, temos uma boa parte do povo a repetir frases e a repensar pensamentos como: “não devemos ter opinião”, “não devemos ter vontade”, “devemos obedecer aos mercados sem negociar”, entre outras deformidades.

 

Fica claro que há portugueses que só apoiam a seleção de futebol se esta apenas tiver jogadores dos seus clubes. Fica claro que há portugueses que colocam interesses particulares, não necessariamente portugueses, à frente dos interesses de Portugal. Fica claro que há portugueses que são portugueses apenas pelo acaso do local do seu nascimento.

publicado às 12:30

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