Baixa política
Em política o mais baixo acontece não quando se assume uma posição distinta da nossa mas quando não se assume posição alguma. O não assumir de posição não resulta de incapacidade ou de ignorância mas de taticismo político, numa tentativa humanamente medíocre de conquistar o apoio de todos.
Quando perguntaram a Maria de Belém o que achava ela da redução do horário de trabalho na função pública para trinta e cinco horas, a candidata respondeu que ninguém, muito menos o Presidente da República (!), se deve imiscuir nas decisões parlamentares. Para ela, ao que parece, é indiferente que sejam trinta e cinco ou quarenta ou cinquenta as horas de trabalho semanais. Tanto faz!
Isto é um bom exemplo da mais baixa política. O que está na moda é isto: não dizer nada sobre nada, não assumir posição, não concretizar o que quer que seja, ser-se um falso espelho de virtudes, cobrir-se de uma manta de chavões e de lugares comum. Também Marcelo e os outros, os “independentes” e os “da cidadania”, fazem o mesmo com maior ou menor distinção.
Outra questão, diversa da anterior, é tentar perceber por que razão a baixa política é valorizada pela esmagadora maioria dos votantes, sendo que o edifício democrático que sustenta a sociedade derrama lágrimas de sangue a cada escrutínio.