A revolução educativa que é mais necessária
Cada vez me convenço mais da imbecilidade superlativa dos indivíduos apologistas da superioridade das ciências exatas face às demais ciências ou áreas do saber.
Cada vez percebo mais claramente da importância do domínio da língua e da dialética para o saber pensar e para o saber imaginar.
Cada vez mais observo claramente como grandezas diretamente relacionadas e diretamente proporcionais: a Filosofia e a Sociedade. O declínio da primeira relaciona-se diretamente com o declínio da segunda, nos seus princípios, na sua estrutura e nos seus valores.
Antes de começarmos a espingardar com o método científico convinha sabermos expor argumentos, pensar sobre o que expomos, saber falar, saber escrever, saber... pensar. E, resulta para mim muito claro, esta sociedade parece usar com destreza de gráficos e de ferramentas estatísticas, de testes de hipóteses e de grupos de controlo para provar isto e aquilo e não pensa, muitas vezes não sabendo o que faz. O que devia vir primeiro não vem nunca. Não existe a reflexão sobre o que se faz ou sobre o que se pretende fazer e essa reflexão quando existe é reprimida porque ameaça colocar em causa mais um batalhão de testes. Mais vale fazer os testes, então.
Pensa-se pouco, raciocina-se pouco, reflete-se pouco. Faz-nos falta. Estuda-se Matemática, Física, Biologia e Química a mais e estuda-se Português e Filosofia a menos. As ciências exatas têm feito de nós, direta ou indiretamente, robôs, macacos treinados, animais de circo amestrados.
Esta é a revolução educativa que é mais necessária: uma revolução sobre o objeto de ensino. O que é determinante é “letrar” os cidadãos, isto é, dotá-los das ferramentas da leitura e escrita com destreza, do saber pensar e refletir. O resto também é importante mas não é o mais importante. O resto, para quem sabe ler, escrever e pensar... encontra-se ao alcance de uma mão.