Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

Porto de Amato

Porto de abrigo, porto de inquietação, porto de resistência.

Máscaras

Há partidos que quando estão na oposição os seus membros tratam-se por “camaradas”, mas quando estão no poder tratam-se por “senhor doutor”, “senhor engenheiro” e “senhor arquiteto”.

publicado às 18:40

Saída do armário

 

Dediquemos toda a nossa atenção à seguinte declaração do ministro da economia. Saboreemos cada palavra.

 

“Uma empresa com a importância estratégica da TAP não pode estar refém de 190 pilotos ou de 900 pilotos.”

 

Algumas perguntas surgem ejetadas após tamanha pancada. Isto é normal?! É admissível?!

 

O que pensa sobre o direito à greve um indivíduo que produz tal afirmação? O que com ela parece sugerir senão que o direito à greve deve ser limitado e, concretamente, subordinado aos interesses da economia?

 

Estamos bem, acho. Perdeu-se definitivamente a noção do decoro social, nem que por mera hipocrisia.

 

Vejamos a coisa pelo lado positivo: a saída do armário é sempre boa, seja por um ato de afirmação sexual, religiosa ou política. E hoje vemos tão claramente... É tudo tão nítido... Aqueles novos democratas expelidos do regime da velha senhora, e que a revolução de abril revelou, mostram a sua verdadeira face e sem necessidade de hipocrisias.

publicado às 09:40

As responsabilidades do vinte e cinco de abril

Neste dia vinte e cinco de abril que passou ouvi muitas pessoas dizerem que a revolução dos cravos não foi bem sucedida, que não temos um país melhor e que, por isso, a celebração do dia resulta falsa, pois o insucesso não deve ser celebrado.

 

Oponho-me vigorosamente a esta linha de pensamento, não obstante compreenda algum do sustentáculo argumentativo. Oponho-me fundamentalmente porque o vinte e cinco de abril de mil novecentos e setenta e quatro fez, e foi muito bem sucedido, em precisamente aquilo a que se propunha fazer, a saber:

 

  1. Reestabeleceu a República parlamentar multipartidária e plural, baseada em regras democráticas bastante equitativas.

 

  1. Implementou um sistema de iguais direitos para todos os cidadãos independentemente do sexo, religião, crença política ou religiosa, ou qualquer outra característica potencialmente diferenciadora.

 

  1. Aplicou todos os recursos para retirar o país da ignorância abjeta em que havia sido mergulhado e deu um forte impulso para tal.

 

  1. Criou o sistema nacional de saúde e de pensões para garantir um apoio, na saúde e na velhice, a cada cidadão.

 

  1. Iniciou uma reforma agrária e uma política de distribuição de riqueza mais equilibrada, através de medidas concretas como o aumento do salário mínimo, a redução do horário de trabalho, a criação do décimo terceiro e do décimo quarto mês, entre muitos, muitos outros direitos que hoje, curiosamente, estão a ser retirados um a um.

 

  1. Construiu, enfim, um conjunto de leis base, a Constituição da República, ainda hoje uma das mais avançadas no mundo, que englobou tudo o que acima foi dito e que apontou um caminho de igualdade, solidariedade e de fraternidade, em todos os aspetos da sociedade.

 

O vinte e cinco de abril fez tudo isto e, eventualmente, mais qualquer coisa de que agora não me recordo. Fez muito. Deu de mão beijada ao povo português a possibilidade deste escolher os seus representantes. Por conseguinte, não se assaquem quaisquer responsabilidades ao vinte e cinco de abril que o vinte e cinco de abril não tem.

 

publicado às 10:09

A diferença de um D

O plano de propostas do PS é importante não pelo que é mas pelo que representa.

 

O que é não é mais que um saco de intenções infundadas e por vezes perigosas. A metáfora constitui ilustração suficiente.

 

O que representa é, estruturalmente, uma ideia de colagem ao plano da troika e da austeridade, a manutenção de um paradigma aqui e ali pontualmente aliviado mas sem se saber efetivamente como.

 

Não existe, sejamos claros, mudança de paradigma: não há um plano consistente para tornar Portugal num país produtivo. A aposta no consumo interno é importante e fundamental, mas terá que ser sustentada em algo mais que um castelo de areia. É preciso um plano que faça do estado um dínamo capaz de impelir a economia para a exploração dos recursos humanos e materiais do país e para a criação de emprego ao invés do que, pelo contrário, tem sido. É fundamental que o estado o faça, visto o setor privado não assumir esse papel, como aliás era expectável. E sobre isto nada é dito. Sem um tal plano, Portugal continuará a definhar como um país periférico de serviços pouco geradores de capital e pouco influentes na balança comercial. Do mesmo modo, nada se diz de concreto e de relevante relativamente ao estado lastimável e mesmo desumano em que se encontra o mercado de trabalho e as relações laborais. Sem uma inversão drástica das políticas seguidas neste domínio, por muita riqueza que o país gerar ela não será capaz de circular saudavelmente pela sociedade e acumular-se-á, inevitavelmente, nos bolsos da classe patronal.

 

No mais, persiste um ataque mais ou menos declarado à segurança social e, especula-se, às restantes funções sociais do estado quer por um rompimento declarado da relação de confiança cidadão-estado no que diz respeito às expectativas geradas, quer por uma estruturada aniquilação de receitas que, em boa verdade, constitui uma estratégia já duradoura no tempo.

 

Entre o PS e o PSD há efetivamente uma diferença: um D.

publicado às 13:55

Subsídio para os trabalhadores mais pobres

O PS ainda não disse verdadeiramente nada sobre o que quer que seja. O seu líder com nada se compromete. Limita-se a dançar, bonacheirão, pelas ocorrências do dia-a-dia, na esperança que o poder lhe caia graciosamente no colo, como tem sido norma no Portugal que se seguiu ao vinte e cinco de abril. O povo alterna porque sim. Também não se percebe muito bem porquê, se não porque nutre apreço pela promíscua dança.

 

Ontem, semearam nos meios de comunicação esta hipotética proposta do PS de criação de um subsídio para os trabalhadores mais pobres, aqueles que, mesmo trabalhando, empobrecem sempre. Semearam para preparar a sociedade, para colher o feedback gerado por tal medida.

 

Esta hipotética medida merece ser discutida pela sua singular simbologia.

 

Conceder um subsídio à classe trabalhadora mais pobre constitui uma medida de relevância, não apenas no que à mais elementar justiça social e económica diz respeito, mas também no que concerne o estimular da economia pela via do consumo interno, algo fortemente mutilado nestes anos de depressão e de austeridade.

 

Levantam-se aqui, contudo, duas questões.

 

Primeiro, no que à geração dos recursos para dotar esse subsídio diz respeito, prevê-se que o capital seja angariado dos impostos pagos por todos e, portanto, maioritariamente pelos trabalhadores por conta de outrem e individuais. Torna-se claro que este subsídio para os mais pobres tornará os remediados e os menos pobres, a fustigada classe média entenda-se, mais pobre. Esta ideia não parece ser muito animadora... não parece ser justa.

 

Em segundo lugar, levanta-se uma não menos importante questão de princípio. Se o subsídio é criado para corrigir uma assimetria grave no tecido social, um desequilíbrio grosseiro na distribuição da riqueza produzida, pois então deveria ser obrigatoriamente acompanhado de um pacote de medidas legislativas que visassem a correção estrutural desse desequilíbrio. Sem tais medidas (aumento do salário mínimo, regulação do mercado de trabalho, fim dos falsos recibos verdes, fiscalização efetiva das relações laborais) este subsídio resulta também num prémio para todas as entidades patronais que pagam tais avenças miseráveis, na medida em que torna os seus trabalhadores mais motivados, menos reivindicativos e permite perpetuar o sistema e quiça diminuir ainda um pouco mais as retribuições pagas.

 

Esta hipotética medida é paradigmática do que não é esquerda, mas do que, não obstante, muitos julgam ser esquerda, visto não promover uma equilibrada distribuição de riqueza. Antes pelo contrário.

publicado às 10:26

Doze de março

Em doze de março do ano corrente sucedeu um acontecimento de assaz interesse e relevância e que deveria ter justificado os comentários dos mais ilustres comentadores que pululam por toda a parte, bem como acesos debates públicos, quer pelo ponto de vista prático da nossa situação concreta atual, quer desde um ponto de vista mais geral, filosófico até.

 

No dia doze de março de dois mil e quinze decidiu a Islândia, por iniciativa própria, retirar a sua candidatura a membro da União Europeia.

 

Por que razão o fez?

 

Esta é a questão que deveria e devia, ainda vai muito a tempo, de ser discutida. Pelo contrário, a notícia passou despercebida no rodapé de um ou outro jornal e ignorada pela generalidade dos media televisivos.

 

Por mim, deixo aqui a minha contribuição para o debate que nunca teve lugar. A razão é simples: depois de o povo islandês ter aberto o precedente de julgar e condenar os governantes que colocaram a sua economia em bancarrota eminente, estes governantes que os sucederam têm agora algum receio, não vá a coisa dar para o torto, de, daqui por uma ou duas décadas, partilharem as celas dos seus antecessores.

publicado às 14:42

Megafones do ininteligível

Quando ouço certos intervenientes (chamemos-lhes assim) do jogo político conjugarem, na mesma oração, convergência de forças de esquerda e PS, fico baralhado: serei eu de “esquerda”, afinal?

 

Quedo-me a meditar por uns minutos sobre o que é ser de esquerda, percebo que sim, que ser de esquerda faz parte de mim e regresso a plenas faculdades mentais.

 

Então volto a ouvir tamanhas aberrações insistentemente repetidas pelos meios de comunicação, mas já não surtem o mesmo efeito. Soa simplesmente a imbecilidade e a oportunismo.

publicado às 14:56

Tempo de propaganda

Bardos da europa antiga

 

São horas de propaganda.

 

Os ministros e secretários de estado deste governo revezam-se em conferências de imprensa nas quais, durante horas a fio, cantam, como bardos da europa antiga, mitos e lendas com as quais adormecem o povo que se acocora em seu redor e ouve, deslumbrado, até adormecer.

 

Agora, fazem previsões excecionais, apresentam números sem vestígio de antecedente que o justifique, acenam ao povo com um Portugal de ilusões que se concretizará em 2019.

 

E continuam, estes obscuros bardos, vindos da europa das trevas... E os meios de comunicação transmitem e repetem sem sombra de observação pertinente, sem uma questão inteligente que se escape ao rol de perguntas protocolarmente combinadas.

publicado às 10:25

Pág. 1/2

Mais sobre mim

imagem de perfil

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub